Parte II - O terrível inimigo regressa

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Era um dia soalheiro e quente de agosto. Recebia o meu namorado e alguns amigos na grande varanda da Capsule Corporation e falava de coisas triviais, com um entusiasmo juvenil. Estava particularmente vaidosa, exibia uma gigantesca permanente que me transformava os cabelos numa enorme nuvem azul em redor do rosto. Os meus convidados bebiam laranjada fresca, os copos cheios de gelo, a minha mãe servia os seus habituais cupcakes gulosos, cheios de creme, polvilhados de estrelas e de lascas doces, com sabores diversificados. Yamucha, o meu namorado, estava apostado em implicar com Puar, o seu gato. Oolong divertia-se com os dois e eu, com um ar afetado, contava um sonho estranho que tinha tido na noite anterior.

Tinha sonhado com o saiya-jin que se chamava Vegeta, que, há um ano atrás, tinha vindo de Namek connosco e que tinha deixado a Terra horas depois ao saber que Son Goku estava ainda vivo e que não queria regressar para junto de nós pela graça das bolas de dragão, mas antes atravessar a imensidão do espaço que o separava da Terra pelos seus próprios meios. Yamucha não gostou de saber que eu tinha sonhado com Vegeta, mas devia ter sido uma espécie de premonição, pois Vegeta estava prestes a chegar à Terra, pela terceira vez.

A segunda vez fora depois da aventura em Namek. A primeira, fora para nos destruir e nessa altura o seu companheiro Nappa tinha assassinado não apenas o meu namorado, mas também todos os meus amigos. Não era alguém com quem eu devia sonhar, certo?

O céu foi repentinamente riscado por uma grossa linha branca. Um rugido ensurdecedor foi-se aproximando. Olhei para cima, ainda a lembrar como fora estranho quando, no meu sonho, Vegeta se tinha aproximado tanto que eu sentira o hálito dele na minha cara. Vi como o ponto distante e branco aumentava de volume e se transformava na nave espacial que Vegeta tinha roubado, um ano atrás. A nave aterrou no relvado da Capsule Corporation com um estrondo, abrindo uma cratera no solo. Quando a poeira assentou, as letras negras "Capsule 3" apareceram e as dúvidas que eventualmente pudessem existir foram desfeitas. Espirais de fumo branco lambiam a fuselagem. Oolong e Puar debruçaram-se sobre a amurada da varanda. Yamucha correu para o relvado, Puar foi atrás dele.

- Ficou sem combustível, como o papá disse que iria acontecer – disse eu.

Fui atrás do meu namorado. Encontrei a minha mãe pelo caminho. Carregava uma bandeja com chá a fumegar num bule rodeado de cinco chávenas, da mais fina porcelana da nossa cristaleira. A minha mãe gostava de receber bem os convidados. Perguntou pelo que tinha acontecido e contei-lhe que o ladrão da nave voltara. Foi comigo até ao relvado.

A porta da nave abriu-se e ele deu um salto. Olhava para o chão.

Yamucha que se tinha adiantado, como se pretendesse, de alguma maneira, proteger-nos da presença do saiya-jin, adotou uma posição de defesa. A minha mãe tremia atrás de Yamucha e eu observava a cena com uma mão assente na cintura, sentindo-me muito calma. Não estava a fazer-me de forte, ou coisa parecida. Simplesmente, não sentia um pingo de medo.

- Procuro por Kakaroto – anunciou Vegeta relutante, continuando a olhar para o chão. – Ele já voltou?

- Goku ainda não voltou. Pensei que te tivesses encontrado com ele, nessa tua viagem pelo Universo... - disse Yamucha. – Então, não o encontraste?

Vegeta pareceu surpreendido. Deu um salto e acercou-se dele.

- Não tenho que responder a alguém insignificante como tu.

- Nani?!!

Coloquei-me entre o meu namorado e o saiya-jin, de modo a que Vegeta deixasse de ver Yamucha. Ficou surpreendido com esse gesto e mais surpreendido ficou quando eu lhe espetei um dedo na armadura manchada e partida.

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