Parte IV - O terror começa

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Freeza era um nome que inspirava um temor de morte a quem o ouvia. Era tido como o ser mais poderoso do Universo, maligno e ambicioso, que gostava de alimentar os seus caprichos momentâneos com sangue e sofrimento. A primeira vez que ouvi esse nome fora no planeta Namek.

Namek...

O que poderia dizer sobre o planeta Namek? Uma aventura que iria recordar para sempre. A primeira viagem que fizera a atravessar galáxias e estrelas, até aos confins do desconhecido. Não fora sozinha, porém, tivera como companheiros Kuririn e Son Gohan.

A primeira e última viagem. Não me parece que irei repeti-la – que motivo tenho eu para ir até às estrelas? Tenho de refazer o meu mundo terreno, para começar. Depois, já estou demasiado velha para aventuras dessas.

A missão parecia bastante simples: ir até ao planeta Namek e recuperar as sete bolas de dragão originais para pedir o desejo de ressuscitar os nossos amigos caídos no combate contra os saiya-jin Nappa e Vegeta. Mas o que fora simples no início – até se tinha considerado que eu fosse sozinha até Namek, pois só eu conseguia pilotar a nave destinada a essa viagem intergaláctica – complicou-se irremediavelmente quando, na chegada, descobrimos que havia outros a procurar pelas mesmas bolas de dragão.

Freeza e os seus acólitos assaltavam aldeias em Namek em busca do tesouro do planeta. Poderosas criaturas que faziam os meus companheiros tremerem de medo só de sentir os seus ki à distância. E também eu fiquei cheia de medo, pois se o filho de Son Goku, Son Gohan, estava receoso, o que poderia eu significar nas mãos desses inimigos? Bastava o bafo de qualquer um deles para me derrubar e fazer em pó!

Foram dias de muita incerteza, em que aguardei inquieta e escondida em grutas e em desfiladeiros, que as coisas melhorassem a nosso favor. Assim que descobrimos que a situação estava muito complicada, enviei imediatamente mensagem à Terra e o meu pai dissera-me que Son Goku já estava recuperado dos seus ferimentos da luta com Vegeta e que já tinha partido para Namek para nos ajudar. Exultei com a notícia! Eu confiava piamente em Son-kun.

Ainda confio... Por isso, construí a máquina do tempo...

Oh, que sorte tem o meu filho por conseguir rever o meu amigo eterno, a minha esperança de todas as aflições!

No entanto, nunca cheguei a cruzar-me com Son-kun em Namek.

Aos poucos e com a ajuda da sorte, Kuririn e Gohan foram alcançando pequenas vitórias. Recuperaram algumas bolas de dragão, fizeram uma importante amizade com um dos pequenos namekusei-jin que passara a confiar neles e que os levara até ao grande mestre do estranho povo verde.

Mas a sombra de Freeza pairava por cima de toda a empresa, como uma nuvem negra que engolia aos poucos a luz, um eclipse de maldade, uma nuvem que mais cedo ou mais tarde nos apanharia a todos. Kuririn e Gohan chegaram a aliar-se ao inimigo para terem alguma hipótese de vitória, mas Freeza era demasiado poderoso e não iria desistir tão facilmente do que fora ali fazer: alcançar a imortalidade com a ajuda da magia das bolas de dragão. Era um sonho demasiado grandioso para se abdicar dele à mínima dificuldade.

O combate aconteceu, claro, entre Freeza e os meus companheiros. Kuririn e Gohan foram tão corajosos! Que orgulho tenho deles! Mas, naquela altura, eu não sentia orgulho. Estava demasiado aterrorizada para isso. Não sei grandes pormenores, não assisti concretamente à batalha. Mas sofri com todas as convulsões que esse confronto titânico provocou em Namek. Nem sei por que milagre consegui escapar a ondas gigantes, sismos violentos, trovoadas ininterruptas, rios de lava, ventos ciclónicos e um medo paralisante.

Enquanto tentava desesperadamente salvar-me, sozinha, totalmente abandonada, sabendo que era Freeza que estava por detrás daquela minha provação, imaginava que iria morrer sem conseguir vê-lo. Confesso que foi o que me deu forças para lutar pela vida, para além de achar um total desperdício uma rapariga tão jovem e bonita como eu desaparecer num planeta perdido nos confins do Universo. Queria conhecer esse Freeza, saber como era, para poder contar que o tinha visto – no Outro Mundo, quando alguém me perguntasse o que fazia ali na flor da vida e como acontecera a tragédia de morrer tão jovem.

Ecos do Futuro Memórias de OntemOnde histórias criam vida. Descubra agora