Brincava com o meu filho no quarto dos brinquedos, um espaço luminoso onde se acumulavam jogos e livros, de paredes muito coloridas, com balões a flutuar e bonecos pendurados, música de sons básicos e relaxantes. Gostava de passar aí as tardes com Trunks, vendo-o brincar enquanto crescia.
Estava quase a completar sete meses e já aprendera a sentar-se. Observava-o embevecida. Agarrava e soltava blocos macios, experimentando-os com a boca, roendo-os com as gengivas, enchendo tudo de baba. De espaço a espaço, eu disparava a máquina fotográfica para reter aqueles momentos que seriam irrepetíveis. Era um bebé bastante fotogénico, que parava o que fazia sempre que me via levar a máquina à cara para enquadrá-lo na fotografia e fixava-me atento como se soubesse que deveria ficar parado para que aquilo saísse bem. Apesar de ser um bebé muito bonito, tinha uma expressão demasiado séria, herança do pai. Herdara de mim, contudo, os lindos olhos azuis. Tinha esperança que não tivesse herdado mais nada do pai, especialmente o feitio irascível e o orgulho desmedido.
Suspirei, recordando.
Quando regressara a casa com o bebé, depois de uma estadia de três dias no hospital, perguntara por Vegeta. Estava entusiasmada com a perspetiva de começar uma vida nova, com outro tipo de rotinas e de responsabilidades. Sempre que me recordava que Vegeta fora conhecer o filho no dia em que nascera, apesar de não ter aparecido mais, alimentava a minha ilusão de um futuro maravilhoso, nós os três como uma família. A resposta da minha mãe arrefecera o meu entusiasmo:
- Vegeta foi-se embora.
- Para onde? – Perguntara eu, largando o saco de viagem que carregava.
- Levou a nave, pelo que foi novamente para o espaço.
- Fazer o quê? Da primeira vez, foi em perseguição de Son-kun. Agora, o que procura no espaço?
A minha mãe encolhera os ombros. Aproximara-se pé ante pé do bebé que dormia na alcofa.
- Oh! Esquece Vegeta! Quero ver essa coisinha linda e pequenina que é o meu neto.
Olhara para a paisagem citadina mostrada pela grande janela do salão. As ilusões estilhaçaram-se todas naquele dia. Relutante, mas determinada, regressara aos planos iniciais: criar aquele filho sozinha.
Bem, totalmente sozinha não seria. Poderia sempre contar com a minha mãe e com o meu pai.
Tirei outra foto a Trunks, voltando ao presente, sorrindo:
- Ficaste muito bonito nesta, meu pequenino. – Torci o nariz. – Mas, se ao menos sorrisses uma única vez...
A minha mãe apareceu no quarto das brincadeiras, estendendo-me o telefone portátil.
- Telefonema para ti. É Kuririn-kun.
Aceitei o telefone, estranhando:
- Kuririn? Há tanto tempo que não falamos.
Trunks observou-me levar o telefone à orelha, enquanto mastigava um bloco azul. A minha mãe fez-lhe um adeus derretido, que ele ignorou e saiu do quarto.
- Fala Bulma. Olá, Kuririn!
A conversa começou.
- Olá, Bulma. Desculpa estar a ligar-te, mas... tenho uma notícia para te dar.
- Que notícia?
- Uma notícia... desagradável. Goku está muito doente.
Fiz uma pausa.
- Muito doente, como?
- É um vírus, disse o médico. Está a atacar-lhe o coração.
- Isso é grave?
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Ecos do Futuro Memórias de Ontem
FanfictionQuando a Terra é ameaçada pela inesperada visita do terrível Freeza, que aterroriza todo o Universo e que se julgava ter perdido a vida após um combate titânico contra Son Goku no planeta Namek, os guerreiros reúnem-se nas montanhas para o receber e...