𝙄𝙢 𝙢𝙖𝙙 𝙬𝙞𝙩𝙝 𝙀𝙢𝙢𝙖.

XXXI

  Cerca de meia hora depois, Ray já estava em casa, ficaria mais tempo com seus amigos se fosse um dia comum, mas, sentia a obrigação de voltar para casa com Isabella.
  Ao fecharem a porta, ambos retiraram seus sapatos e se esticaram um pouco, já com os músculos tensos pelo cansaço.
  Por não saber o que fazer, Ray apenas seguiu, pretendendo subir as escadas e tomar banho, ou apenas ficar em seu quarto assistindo algo, mas foi surpreendido pela voz de sua mãe.

  - Ray!- Ele se virou, a encarando com curiosidade, e apenas então ela continuou.- Estou assistindo Blindspot, quer ver comigo?

  Ele sorriu, pois lembrou do dia em que ela perguntou o que ele estava assistindo, porque tinha achado a história interessante, e se sentia feliz por ela realmente estar assistindo aquilo.
  Ray assentiu, então ambos se sentaram no sofá da sala, e Isabella ligou a tevê, afim de que a série começasse a passar.
  Em pouquíssimo tempo, eles já estavam entretidos com ela, mas, olhando sorrateiramente, Ray percebia que ela estava nervosa com algo, pois mexia constantemente mas mãos, e não parava de se locomover pelo sofá.

  - O que foi?- Ele disse, e então, Isabella mentalmente agradeceu pela percepção do filho ser tão aguçada, e ela não precisar puxar o assunto.

  - Bom, queria te perguntar algo...- Ela o olhou com um sorriso mínimo em seu rosto.

  - Certo..?- Ele esperou ela continuar.

  - Você e Norman... O que vocês têm?- Ela suspirou, e quando abriu a boca, foi direto ao ponto.

  - Quê?- O garoto se espantou no mesmo momento, se perguntando como ela sabia daquilo.

  - Como posso explicar? Eu percebi que você gostava dele faz um ano...

  - UM ANO?- Ray quase gritou.- Mas eu só gosto dele faz uns meses.

  - Já assumiu que gosta dele...- Ela sorriu.- E foi intuição de mãe, percebo as coisas antes de você.- Isabella deu de ombros e continuou falando.- Isso não é importante, mas hoje eu percebi algo diferente entre vocês... Como se algo tivesse mudado.

  - Está tão óbvio assim?- O menino suspirou, e resolveu não esconder nada, o máximo que receberia era uma má impressão e eles voltariam a se ignorar.- Nós estamos namorando, eu acho.

  - Sério?- A voz dela pareceu mais animada que o normal, e aquilo foi suficiente para ele olhar para a figura mais velha assustado.

  - Você não vai reclamar?

  - Não, é claro que não.- Isabella deu um empurrão de leve no ombro do filho.- Você pensou que eu me importava com isso, Ray?- Ela riu.- Bom, eu quero que seja feliz. E também agradeço por eles terem te dado apoio enquanto eu não dei, mas quero fazer diferente agora, quero ser uma mãe merecedora do seu carinho. Cansei de te culpar por uma morte que não teve nada a ver.

  Neste ponto, o garoto já tinha deixado uma lágrima escorrer pelo seu rosto, e em um impulso, envolveu sua mãe num abraço apertado, que foi rapidamente retribuído.

  - Obrigado por mudar...