XXIII

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  Ray abriu a porta preta calmamente, olhou em volta, não ouviu nenhum barulho, nenhuma luz acesa, nenhum cheiro perceptível.

  "Talvez ela não esteja em casa", o pensamento rapidamente invadiu sua mente, e não sabia se sentia alívio ou raiva, por ter voltado à toa.

  Olhou para o móvel ao seu lado, e percebeu que sua pantufa continuava alí. Aquilo significava que ela estava esperando por ele? Ou só tinha preguiça de jogar fora?

  Ray preferiu deixar a primeira opção em mente, se livrou rapidamente do tênis que usava e o substituiu pelo aquecido das pantufas, após ficar mais confortável, ele saiu do corredor, e passou pela sala.

  - Boa tarde, Ray.- A voz dela pudera ser ouvida e só então ele percebeu a mulher sentada em uma das poltronas no fim da sala.

  O cômodo era grande, quase todo em tons escuros, então, os fios pretos de Isabella que se encontravam soltos, faziam ela se camuflar por alí, mesmo assim, Ray sempre era pego de guarda baixa, nunca era capaz de perceber sua presença até que ela se mostrasse.

  - Boa tarde.- O que ele fazia agora? Não tinha nenhuma ideia em mente, perguntava como foi o dia dela? Ou só ia para seu quarto?

  - Como está?- Ela se levantou, e andou até onde o garoto estava, a expressão era a mesma de sempre, mas Ray a conhecia, querendo ou não, tinha aprendido a indentificar os poucos detalhes em seu rosto, que diziam seu humor.

  - Bem... E a senhora?- Ray se manteve com a mesma postura que tinha quando como encontrava com ela na escola.

  - Já disse que pode me chamar de mãe, quando estivermos em casa.- Ela sorriu, e alisou o cabelo de Ray.- Vai jantar aqui hoje? Posso fazer algo especial.

  - Sim, eu vou ajudar.- Aos poucos, ele sentia a tensão acabar, e ele conseguia agir normalmente, a postura já estava um pouco mais relaxada, e o ar já entrava normalmente em seus pulmões.- Posso tomar um banho antes?

  Isabella assentiu, e observou ele se movendo, dali, até subir as escadas e sair de seu campo de visão. A mulher encarou a mão por alguns instantes. Fazia algum tempo que ela não encostava no filho. Continuava sendo estranho. Tratá-lo como um filho.

  Nem de longe ela era a vilã da história. Mas podia ser interpretada assim algumas vezes. Por só saberem um lado dela, Isabella acabava sendo injustiçada, não, essa não é a palavra certa.

  A mulher tem tanta culpa quanto Ray no distanciamento dos dois. Mas, não fazia isso por ser má, apenas achava que era melhor para o garoto. E era melhor para ela não ter laços com outras pessoas novamente.

  Perda. A morte é algo que não pode ser enganado. Todos morrem. E ela, não poderia mudar aquele fato...

  Sem ao menos perceber, uma, única e solitária, lágrima tinha escorrido pela lateral esquerda de seu rosto.

  Se apressando para enxugar, Isabella suspirou e foi para a cozinha, assim que ouviu o barulho de água caindo, e presumiu que Ray já estava no banho.

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  Esse capítulo foi confuso até mesmo para mim, mas, tudo vai se resolver nos próximos.

𝙄𝙢 𝙢𝙖𝙙 𝙬𝙞𝙩𝙝 𝙀𝙢𝙢𝙖. Onde histórias criam vida. Descubra agora