XVII

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  Algumas horas haviam se passado. Já era noite, e os três tinham acabado de comer. A mãe de Norman disse que resolveria mais algumas coisas, e como sempre, ela foi até o escritório e começou a fazer umas ligações, assim, teria o fim de semana livre.

  Norman estava no telefone com Emma, e eles estavam falando sobre alguma coisa do parque, Ray não estava prestando atenção na conversa, então não sabia do contexto.

  Ele estava ocupado, separando todas as peças dos relógios antigos que Norman tinha desmontado, e vendo quais delas seriam úteis para seu projeto.

  Ray adorava construir coisas, e dessa vez, ele queria fazer uma coisa especial. Mais especificamente, presentes. Um para Emma, um para Norman, um para os pais dele, e um para Isabella.

  Mesmo os dois quase não se falando, Ray queria ter uma ligação especial com a mulher, então, usaria aquilo como desculpa para conversarem.

  Ele pôde ouvir Norman dando passos até ele, e em seguida sentando ao lado de Ray.

  - O Don quer ir para um parque, comemorar o aniversário dele, e ele quer que a gente vá.- Norman começou falando, e logo, começou a ajudar com a separação dos itens.

  - Entendo.- Ray suspirou e olhou para ele, apoiando suas costas no sofá atrás de si.- Você quer ir?

  - Não vou te forçar a nada, mas seria bom você começar a interagir com as outras pessoas da turma.- Norman sorriu, e levou sua mão até a lateral do rosto de Ray, acariciando o lugar. O movimento fez Ray se assustar, e rapidamente sentir o coração acelerar, e toda a sua pele esquentar, inclusive a do rosto. Aquilo fez Norman rir, e aproximar o rosto do de Ray.- Só um toque te faz assim?

  - Pare de brincar, Norman.- Ray tentou se esquivar, mas sentiu a outra mão de Norman em seu rosto, então, quase não podia mover a cabeça. Não teve opções a não ser olhar para ele.- O que está fazendo?- Ray estava entrando em pânico, é claro que ele já tinha imaginado cenas como aquela, mas, sentir aquilo vividamente, era muito pior, ou melhor, do que ele pensava.

  - Talvez... Tentando te beijar?- Norman encostou ambos os narizes, e encarou Ray, as mãos dele ainda continuavam no rosto do garoto, a direita se aproximando lentamente da nuca dele, e a esquerda, permanecia na curva do rosto dele.

  Mas, para a surpresa de Norman, foi Ray que encostou os lábios. Norman estava quese certo, que aquilo faria Ray ficar envergonhado, e basicamente estava fazendo aquilo, para irritar ele.

  Ver Ray tomando iniciativa naquela situação foi surpreendente. Norman, alguns segundos antes, tinha sentido a mão de Ray em sua nuca, e percebeu que ele tinha mudado um pouco a posição do corpo.

  Aquilo não podia ser bem considerado um beijo, era só um encostar de lábios, mas Norman estava surpreso o suficiente para chamar aquilo de melhor dia da sua vida.

  Ray se separou dele, sorrindo, voltou a fazer suas coisas. Norman ainda estava parado, olhando para ele, e se deixou sorrir.

  Ele encarou, as costas de Ray, e percebeu o quão dedicado ele parecia estar naquele momento. Era uma ação comum, simples, e bastante vista por Norman.

  Mas só aquilo, já era o suficiente para fazer ele querer abraçar, beijar, fazer qualquer coisa com Ray. Protegê-lo.

  - Da próxima vez...- Ray falou, ainda olhando para os objetos na mesa.- Seja mais rápido.

𝙄𝙢 𝙢𝙖𝙙 𝙬𝙞𝙩𝙝 𝙀𝙢𝙢𝙖. Onde histórias criam vida. Descubra agora