𝙄𝙢 𝙢𝙖𝙙 𝙬𝙞𝙩𝙝 𝙀𝙢𝙢𝙖.

II

  A terceira aula abara de começar, a professora saia calmamente pela porta, e os alunos faziam uma pequena fila antes de saírem atrás dela, Emma esperava perto da porta pelos dois amigos, que vinham lado a lado, comentando sobre algo que fora dito por Gilda, uma das colegas de classe.

  - O que vamos comer hoje?- Emma se juntava ao trio, se enfiando no pequeno espaço entre eles, e entrelaçava seu braço com o deles, cena típica de um casamento, mas que ela amava fazer com eles.

  - Não trouxe lanche? Eu ia pegar do seu.- Ray comentou, já deixando claro que não poderiam contar com ele.

  - Meu pai me deu dinheiro hoje, acho que podemos pegar algo na cantina.- Norman finalizou, e Emma comemorou com as palavras, dando alguns pulos.

  - Norman, você é nossa salvação, acho que eu já poderia morrer de tanto que minha barriga está roncando.- Naquele exato momento, Ray olhava para Norman, mas, preferia não olhar, era péssimo ver como o garoto sorria para Emma, como os olhos dele brilhavam ao ver a garota. Muitos poderiam achar que eles eram só amigos, e os anos de amizade faziam isso, mas, Ray sabia que não era assim.

  - Emma!- Gilda, acompanhada de Don vinha atrás do trio, e chamara a atenção da garota, com isso, os três pararam, e viraram a cabeça, respondendo o chamado, que mesmo sendo só para um, interessava à todos.- Anna estava te procurando, eu não sabia onde estavas, então não disse nada, mas, acho que deve ser algo importante, né?- A garota disse, enquanto endireitava seus óculos.

  - Claro, onde ela está, Gilda?- Emma imediatamente se interessou pelo assunto, e se soltou dos amigos, então, virando todo seu corpo em direção dos dois, Gilda respondeu alguma coisa, e eles já começaram a andar em um sentido oposto. Deixando, sem mais nem menos Ray e Norman no corredor.

  - Emma...- Norman comentou, já acostumado com isso. E Ray assentiu, sem saber o que fazer. Afinal, sempre agradecia por ter Emma no grupo, assim nunca ficavam com um clima chato. E isso não acontecia, até pouco tempo atrás, quando Ray realmente soube de seus sentimentos, agora, não é mais capaz de ficar sozinho com Norman sem ter alguns surtos internos.- Bom, acho que tudo que nos resta é ir até a cantina e esperar ela lá.

  Ray assentiu mais uma vez, mas não comentou nada, como sempre, colocou as mãos dentro da calça do uniforme, e os dois voltaram a andar, lado a lado, calados. Ray sempre tinha seu olhar em frente, mas, nas poucas vezes em que olhava Norman, percebia que o alvo do amigo também era ele, assim que os olhares se cruzavam, Ray voltava a olhar para frente, desesperado.

  - Você está estranho, antes era você quem adorava encarar as pessoas, por que não me encara mais? Algo errado?- Ao ouvir as palavras, Ray quase sentiu suas mãos tremerem, ele ficou sem opção, teve que sorrir, ou fingir um sorriso, e olhar para o amigo, tentando ao máximo sustentar aquilo.- Seu sorriso está falso, não finja para mim.- Com isso, Norman se aproximou, e deu um pequeno empurrão em Ray.