23. Entre hospitais e DNA [revisado]

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Betty

Às oito da manhã do dia seguinte, me peguei exausta dentro do carro, concentrando-me para continuar dirigindo com atenção de volta para o Hospital. A pequena mala de Cole estava no banco do carona, chamando minha atenção de minuto em minuto, enquanto eu tamborilava os dedos no volante, tentando me manter acordada com a música que tocava em volume ambiente.

— Não dorme! Você já está chegando! Lá tem café! — Murmuro para mim mesma, aliviada por ter trocado as sandálias de salto e o vestido por um par de moletom e um tênis confortável.

Tento me manter tranquila, ou pelo menos foi isso que eu fiz durante a noite. Cole passou por uma nova bateria de exames, suas taxas voltaram a baixar, o que significava transfusões de sangue com mais frequência. Mas agora essa tranquilidade não está funcionando. Os olhos esbugalhados, preocupados e cansados de Jughead enquanto velava o sono do Cole durante a noite eram uma prova de que ele sabia de algo que não estava me contando. Ele não queria me desesperar sem motivos, mas estava preocupado e carregava essa bagagem sozinho. E eu o conhecia o suficiente pra saber disso.

Pensar em Jughead e Cole faz com que o trajeto até o hospital seja mais rápido. É um alívio saber que agora tenho um apoio e que Cole enfim tem um pai. Algo nesse pensamento me desperta um sorriso nos lábios, enquanto estaciono na primeira vaga que consigo encontrar.

Eu vejo alguns rostos de enfermeiras e servidores já conhecidos enquanto atravesso os corredores do hospital e pego o elevador. E quando enfim chego no quarto de Cole, não me surpreendo ao ver Jughead de pé, vestido com roupas limpas, cabelo molhado e duas canecas de café.

— Como você conseguiu isso ? — pergunto, surpresa, sentando-me ao lado dele no pequeno sofá.

— Vantagens de se trabalhar no hospital. Uma das enfermeiras ficou com ele, aproveitei pra trocar de roupa e pegar um café pra gente. Aliás, também tirei o dia de folga e liguei para o consultório do Dr. Hailey. O homem vai tentar vir até o final do dia.

— É um alívio ter você por perto, sabia? — sorrio, agradecida, enquanto aproveito a sensação de bem estar que é beber goladas generosas do café. — Algum resultado dos exames?

— Alguns estão prontos, mas não sou mais o médico do caso. E... Sou pai dele. Não posso ser o médico dele também.

— Eu sei. Ele não acordou?

— Por cinco minutos, com sede. Mas está cansado demais! Quanto menos hemoglobinas, menos transporte de oxigênio no corpo. Ele vai passar por uma transfusão hoje a tarde, assim que o Dr. Hailey chegar. Isso vai trazer normalidade de volta, mas o problema é que...

— Que ele está precisando das transfusões mais rápido do que imaginamos. — completo sua fala, já tendo consciência de que isso era, no mínimo, preocupante — Só achávamos que seria necessário daqui a duas semanas.

Jughead solta um suspiro pesado, parando de sorrir, e afirmando com a cabeça que sim.

— O que me leva a isso — vejo ele dizer, enquanto abre uma pasta que está sobre a mesa de cabeceira e tira dela uma declaração.

— E o que exatamente é isso?

— Uma declaração de paternidade. Quero que Cole tenha acesso ao meu plano de saúde. Sei que vocês estão bem resguardados pelo plano de saúde da Verônica, mas eu também posso oferecer algo bom pra ele. Até melhor. Não sabemos como serão as próximas semanas.

Ouço atentamente seu jeito tímido em tentar me convencer de algo que eu já estava convencida. Evitei um sorriso e só fiz o movimento de pegar uma caneta dentro da minha bolsa e assinar a base da folha, sem ao menos pestanejar.

Daddy's little love [Bughead]Onde histórias criam vida. Descubra agora