26. Uma rotina Bughead [+18]

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5 dias depois

Betty

Existem algumas coisas que eu observo sobre Jughead: ele escova os dentes assim que se levanta da cama, e prepara o café logo depois. Ele não sente fome assim que acorda, por isso, na primeira hora da manhã, ele apenas bebe uma caneca de café preto, fuma um cigarro na janela e lê o jornal eletrônico que recebe diariamente no e-mail. Jughead também guarda as meias em formato de rolinhos e divide as camisas por ordem de cor. Ah, e tem um número extremamente limitado de calças-jeans, o que era curioso quando comparado com seu número abrangente de cuecas samba-canção com todo o tipo de estampa cafona que alguém poderia imaginar.

Meu banheiro, agora, está abarrotado de creme para os pés e loções pós-barba. Uma quantidade de potes muito superior ao que usei durante uma vida inteira. Rolo os olhos. Maldita hora que fiz aquela promessa! — pensei.

Estava no banheiro escovando os dentes para dormir, e o fazia com tanta força que cheguei a sangrar a gengiva. Enxaguei a boca e cuspi na pia, observando a espuma vermelha escorrer pelo ralo. Lá estava eu, apavorada com a ideia de voltar para o quarto. E estava assim porque, em razão da minha promessa, estava obrigada a partilhar a mesma cama com Jughead. 

— Maldição! — disse em voz alta.

Quando sugeri que ele viesse morar comigo, eu não imaginei que seria tão desconfortável perder metade do closet - e da pia. Aos poucos suas coisas dominavam todos os lugares. Ele era esperto e tinha me colocado contra a parede mais uma vez. Não me sobrou alternativa a não ser concordar. Por falar em ser colocada contra a parede, fechei os olhos e me lembrei da sua surpreendente declaração, seguida daquele ataque apaixonado.

Senti meu coração bater mais rápido ao recordar o gosto da sua boca, o calor do seu corpo pressionando o meu, suas mãos percorrendo a minha pele como se estivessem acostumadas a fazer isso. Ah! Ele tocava lugares que me faziam tremer, como se soubesse de cor onde eu era mais sensível.

— Controle-se, Elizabeth! — falei abrindo os olhos.

Olhei-me no espelho. Estava corada e os lábios tremiam ligeiramente. Meus olhos estavam assustados. Não estava acostumada a me sentir assim. Pelo menos, não me lembrava de sentir tão vulnerável a um homem. Lembrei-me dele, do seu rosto, dos seus olhos azuis, da sua boca, do seu cabelo... Droga! Por que tenho essa vontade absurda de tocar o cabelo dele? Tremi novamente e senti o medo preencher meu peito. Não gostava daquela sensação. Aquele pavor estava acabando comigo. Verônica tinha dito que quando acabasse esse medo eu conseguiria ouvir o que meu coração estava me dizendo. Mas como e quando eu conseguiria me livrar desse frio paralisante? Do que eu tinha medo?

Dele? — pensei. Talvez. Pensando melhor, eu não tinha medo dele. Ao contrário, lá no hospital, sua presença foi confortante e muito agradável, era maravilhoso sempre ter alguém com quem dividir as responsabilidades. Minha reação era a prova de que o perigo morava naquele sorriso, ou melhor, em toda aquela boca. Olhei para baixo e reparei que minhas mãos agarravam a pia com tanta força que estavam ficando brancas. Soltei-as bruscamente. Senti os joelhos trêmulos, batendo um de encontro ao outro como castanholas, no ritmo ditado pelo meu coração. — Oh, não! Como um raio, uma compreensão indubitável me atingiu. Eu não tinha medo do Daniel, tinha medo das reações que ele provocava em mim. Eu tinha medo de mim mesma.

Olhei mais uma vez minha imagem no espelho, analisando a roupa que tinha escolhido para dormir: um pijama de manga comprida xadrez azul de flanela que, com certeza, não tinha nada de atrativo, cobrindo todo o meu corpo. Como o pijama era velho, dois ou três botões da blusa abriam de vez em quando, mas eu não ia continuar adiando aquilo. Guardei minha escova de dente, apaguei a luz e marchei para o quarto. Ao abrir a porta e olhar para a cama, estanquei. O quarto estava iluminado apenas por um abajur que ficava numa mesa de cabeceira ao lado dele. Jughead lia um livro, deitado confortavelmente, um braço dobrado atrás da cabeça, parecendo concentrado. Usava uma calça preta de moletom e... mais nada. Iluminados pela luz amarelada, os pelos daquele peito nu ganhavam um brilho acobreado. Não consegui mais tirar os olhos.

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⏰ Última atualização: Mar 08, 2022 ⏰

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Daddy's little love [Bughead]Onde histórias criam vida. Descubra agora