20. Como mamãe e papai [revisado]

397 35 71
                                    

Betty

Às 20h em ponto, Cole está tão exausto que decide ir pra cama.

Não preciso nem dizer que ele sequer ousou deixar Jughead partir, o que resultou em um Jones perambulando pela minha casa, brincando com meu filho no tapete do seu quarto e por fim colocando-o para dormir. Enquanto dava-lhes esse momento, preparei duas canecas de chocolate quente com marshmallows e sentei-me na varanda, sabendo que uma hora ou outra, Jughead daria as caras.

Não demorou para ele aparecer, vestindo apenas o jeans, a camisa branca e as meias. Observei ele passar a mão pelos cabelos, aparentando estar cansado. 

— Ele dormiu? — eu pergunto, enquanto tento esfriar o chocolate com pequenos sopros em direção a caneca. Jughead acena com a cabeça que sim, sentando-se ao meu lado.

— Sim. Ele é tão articulado e educado. E é como você disse: nunca é chato. Você o criou muito bem. Sabe disso, não é? — ele afirma, olhando em minha direção, enquanto lhe ofereço uma das canecas.

— É claro que eu sei. Vocês parecem ter se divertido hoje...

— Sim, nos divertimos. É um pouco cansativo acompanhar o raciocínio dele, porque... Ele sempre quer saber de tudo, ao mesmo passo que já parece saber de tudo.

— É verdade — concordo, num suspiro — Dizem que meninas amadurecem primeiro que meninos, mas com Cole definitivamente não foi assim.

Jughead afirma com a cabeça que sim, bebericando do seu chocolate e levantando o olhar em minha direção.

— Estive pensando... Eu vou fazer o teste de compatibilidade na segunda. Se eu puder doar minha medula pra ele, quero fazer isso.

Emudeci por alguns segundos. Antes, pensava que conhecia o coração de Jughead Jones, mas agora me dou conta de que isso é impossível. Nenhum coração pode ser verdadeiramente conhecido, nem mesmo o meu próprio. De todo modo, não estou surpresa. Já esperava por isso. 

— Você não concorda? — ele volta a me perguntar.

— É claro que concordo. Nada me faria mais feliz do que ver meu filho bem.

— Nosso filho. — ele me corrige, olhando-me de esguelha.

Ficamos em silêncio por mais alguns segundos, até que enfim o encarei.

— Só acho que devíamos conversar sobre isso. Apesar de você ser o pai biológico dele, não é a sua obrigação.

Termino de falar, refletindo sobre como posso fazer Jughead enxergar o que fiz, o que estou tentando fazer, e o que me tornei para proteger Cole. Falhei terrivelmente em lhe explicar, pois me sinto péssima. As cicatrizes e lembranças doem. Não consigo verbalizar esses sentimentos, nem deveria ter que fazer isso. Então não verbalizo, voltando meus lábios para seu estado natural de silêncio.

— Ah, vamos lá, Betty! Por Deus! — ele diz, soltando um longo suspiro, segurando uma das minhas mãos, de repente — Você não está mais sozinha. Eu estou aqui com você a partir de agora. Quero estar onde você e meu filho estiverem. 

Nossos olhos se encontram e se fixam por longos segundos, até que ele enfim teve coragem de se afastar. Geralmente sou eu quem recua, mas não dessa vez. Algo se partiu dentro dele, me deixando entrever as feridas que ele esconde sob a pele flamejante.

— Mas você ainda está com raiva de mim, por ter escondido a verdade. — eu afirmo, tendo certeza das minhas palavras, e ele dá de ombros.

— E vale de quê ficar com raiva de você? — ele me pergunta, olhando em direção a rua, sem coragem de voltar a me encarar. Ele está sorrindo. — Pelo amor de Deus, quem queremos enganar? Você está aqui, eu estou aqui. Há dois dias eu confessei que te amava e não é como se isso desaparecesse de um dia pro outro. Ainda me sinto um pouco magoado, mas...

Daddy's little love [Bughead]Onde histórias criam vida. Descubra agora