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C A P Í T U L O 58
A minha visão estava obstruída pelo rio de lágrimas que continuava a escorrer pelos meus olhos. Soluços convulsos escapavam pelos meus lábios gretados tentando expulsar toda a raiva que borbulhava dentro de mim. Como é que eu pude deixar que Chalk magoasse a Blue desta maneira? Como é que deixei que este lhe tocasse? Que a magoasse. Eu achava-me muito mais forte e corajoso do que fui. Parece que estava errado. Por mais que tentasse parecer rebelde, obstinado e indomável não conseguia despir a minha verdadeira pele de cordeiro.
"Mas que merda é que estás a fazer?" a voz histérica de Niall ecoou pelo laboratório. "Ajuda-a! Faz alguma!"
Blue continuava caida nos meus braços. A sua respiração era descontrolada e árdua, mostrando a falta que a substância vermelha fazia no seu corpo. Os seus bonitos olhos azuis estavam quase fechados - especialmente o esquerdo, que lutava contra uma futura contusão. Toda a sua cara estava mais ferida que o normal. Na sua bochecha permanecia o corte, que felizmente havia estancado à horas atrás e a lesão arroxeada à volta do mesmo. Os lábios estavam entreabertos.
O rapaz loiro chocou com os joelhos no chão, agachando-se ao lado da rapariga. Reparei na forma como a sua expressão transformou-se numa de carinho e tranquilidade assim que as suas íris índigas encontraram as dela. Agradeci-lhe mentalmente por ele conseguir transmitir-lhe essa força, que eu falhei em enviar. Um esgaz formou-se no canto da sua boca.
"Vai ficar tudo bem, Blue." ele acalmou-a. "Nós vamos cuidar de ti."
Gostei do facto de ele me incluir nesse plano. Sou egoísta o suficiente para ainda querer ficar bem na figura, ainda que tudo isto tenha sido culpa mim. Ainda assim, por mais que Niall continuasse a gritar interjeições para mim eu não conseguia mover-me. Permaneci de joelhos, com o corpo dela em cima do meu. Com a minha mão entrelaçada nos seus cabelos e a outra nos seus dedos, sentendo espaçadamente um aperto da sua palma.
Niall removeu o casaco de algodão que agasalhava os seus ombros. Uma t'shirt azul escura não tardou a ser arrancada do seu próprio corpo deixando-o livre de roupas na parte de cima do seu tronco. Os seus braços movimentaram-se com força, tentando rasgar o tecido. Quando não sucedeu, aproximou os seus dentes rompendo o pano. Em segundos o rapaz tinha tiras largas.
"Louis!" o loiro exasperou. "Chama uma ambulância!"
Só aí reparei que o meu melhor amigo analisava com atenção o laboratório com um ar incrédulo. Os sons das sirenes policiais continuavam a ressoar pelas paredes. Muitos homens de farda entraram explorando o local e ignorando completamente os jovens atordoados no chão frio do local. Louis pegou rapidamente no telemóvel preso no seu bolso e ligou para o 112, balbuciando o estado injurioso em que eu e Blue nos encontravamos.
O rapaz loiro pegou no pulso dela e amarrou uma das tiras de tecido no seu corte, apertando com força o nó. A morena soltou um gemido de dor com a pressão.
"Estás a magoá-la!" eu finalmente encontrei a minha voz, advertindo o rapaz.
"Pelo menos estou a fazer alguma coisa para que ela não se esvaie em sangue!" ele rugiu de volta.
Engoli em seco uma resposta não muito inteligente e pela primeira vez, desde que os rapaz tinham aparecido, levantei-me do meu lugar no chão, largando os dedos firmes de Blue. Precisava de a ajudar e não era a reclamar que o iria fazer. Enquanto Loui continuava ao telefone com a ambulância, um dos políciais aproximou-se da rapariga avaliando os ferimentos. Afastei-me deles, procurando na bancada algum pano molhado ou gaze para limpar a sua cara.

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DARK JEANS
FanfictionUma história em que um rapaz que vê sons e ouve toques conhece a rapariga que o ensina a viver com as suas diferenças. © 2014 por Niallerismybatman. Todos os direitos reservados.