DARK JEANS

16|explanation

explanation(name): something that explains; a statement made to clarify something and make it understandable

                                                 / CAPÍTULO 16 / 

Ouvi dizer que amor é quando sabemos tudo sobre a outra pessoa, as verdades mais escuras e os sonhos mais felizes, e mesmo assim continuarmos a querer estar com ela; amor é confiar o suficiente nela para conseguir contar-lhe até os nossos segredos mais profundos. É sentir-se confortável e seguro com ela. E então por isso eu tinha a certeza absoluta que não gostava de Harry, que não sentia qualquer tipo de amor para com ele. Pois confiança, segurança e conhecimento eram as coisas que eu menos sentia quando estava com ele. 

Mas então o que são estas borboletas no estômago que voam sem parar? O frio na barriga que causa arrepios até às pontas dos meus cabelos. O que são estas palpitações no meu peito? A velocidade a que o meu coração batia junto ao torso de Harry era algo inexplicável; conseguia praticamente ouvir os seus batimentos bloqueando qualquer outro som que estivesse a ser pronunciado. O calor vindo das suas mãos aqueceu cada lado da minha cintura, onde as mesmas estavam posicionadas. O sangue percorria as minhas veias de forma tornando vermelhas as minhas bochechas juntamente com o meu pescoço. 

Eu não sei exatamente quando este abraço começou. Lembro-me da incerteza no olhar do rapaz tatuado que certamente não sabia o que fazer; mas quando dei por mim a minha cabeça estava pressionada contra o seu peito calando totalmente os meus pedidos. Enrolei os meus braços à volta do seu torso instintivamente, apreciando o pequeno carinho de alguém - que neste caso foi de Harry. Acabei o meu ataque de choro junto a ele; não sei ao certo quantos minutos estive agarrada a ele. Mas de alguma forma o pequeno desabafo do meu coração fez-me bem.

Caí na realidade de que ainda estava demasiado junta a ele e larguei-o de repente. Virei costas encarando a coberta verde da minha cama; as duas almofadas cor-de-laranja estavam posicionadas de cada lado. Passei as minhas mãos pela cara apagando qualquer vestígio do meu colapso; sentiam as lágrimas secas coladas na minha bochecha, deixando marcas transparentes provisórias, por lá. Puxei os fios rebeldes do meu cabelo, que decidiram cair para a frente, e prendi-os atrás das minhas orelhas. 

Imaginei que Harry não iria dizer uma palavra e virei-me para o encarar; baixei o olhar ao reparar que o dele estava fixo em mim, quase perfurando a minha pele de um lado ao outro. Sentia-me quase despida ao olhar intenso do rapaz. Observei a forma como ele levou a sua língua por entre os lábios, humedecendo-os. Clareei a minha garganta, desprendendo-o do transe. Felizmente ele percebeu a dica e virou a cara para o lado. 

"Des--" voltei a clarear a garganta, sentindo ainda o nó do choro na minha garganta. "Desculpa."

"Pelo quê?" as suas sobrancelhas franziram fazendo a pele por cima do seu piercing encorrilhar.

É tão estranha a forma como presto a atenção a todos os pormenores de Harry. Como o facto de ele franzir as sobrancelhas tantas vezes - provavelmente devido ao barulho. Ou como ele brinca com o seu piercing por entre os lábios, rodando-o de forma brincalhona. Ou até a forma de ele falar, com o movimento lento e suave dos seus lábios carmim. Talvez eu não devesse dar tanta importância a estes pequenos detalhes; mas acho que estas são sempre as coisas mais bonitas.

Abanei a cabeça rapidamente mandando os meus pensamentos estúpidos passear. Harry não deveria fazer-me sentir assim; tão bipolar. Num momento estava a gritar com ele pelos seus atos estúpidos e no outro estava enroscada a ele enquanto este me acalmava do meu choro. Já para não falar do abraço. O meu subconsciente lembrou-me. Algo que eu nunca pensei vir a sentir da parte dele; nunca me passou pela cabeça receber um abraço dele. Sempre pensei que ele não fosse o tipo de pessoa de enrolar os braços à volta do corpo de outra, dando-lhe algum tipo de carinho.