50|ominous

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ominous(adjective): portending evil or harm; foreboding; threatening; inauspicious                          

                                                     /CAPÍTULO 50/  

Eu adorava o Sol de inverno. Definitivamente, era a melhor faceta do astro; quando aparecia durante o frio desta estação. Eu sou o tipo de pessoa que prefere o inverno ao verão, mas quando o calor do Sol se junta ao frio, um equilíbrio de temperatura forma-se no ar deixando-me com uma aura alegre. Coloquei os meus óculos escuros na cara, bloqueando os raios brilhantes que teimavam em penetrar na claridade das minhas íris. Ainda assim, apertei o cachecol castanho de malha que uma das Irmãs me oferecera pelo Natal, assim como o gorro bege estampado que tive necessidade de puxar para baixo, tapando-me as orelhas. 

O resto do dia de Natal foi passado com calma e sem nenhum problema adicional. O Harry convivera com todas as outras crianças - depois da Irmã as avisar que barulho excessivo o incomodaria, claro - e Jane desenhara-lhe o tão precioso desenho que mais tarde ele iria tatuar. Fico sempre feliz quando o vejo interagir com pessoas novas e sei que isso também o deixa contente. Infelizmente, sei que ele também não se ia apegar a elas, simplesmente estava a ser educado e simpático. É um começo.

"Ugh." ouvi o meu rapaz balbuciar.

Apertei os nossos dedos entrelaçados e acariciei a sua mão com o meu polegar. 

"O que é, Harry?" eu perguntei.

"Odeio este Sol." ele resmungou. "Demasiado brilhante."

Soltei uma gargalhada e abracei-me ao seu braço, pousando a cabeça no seu ombro. 

"Onde está a piada?" Harry ripostou.

"Em lado nenhum. É só que odeias tudo e todos, não podes abrir pequenas exceções? Há coisas tão maravilhosas no Mundo."

Estávamos a caminhar lado a lado em direção ao hospital. Harry tinha uma consulta com o Dr. Harden e não pude deixar de o acompanhar; até porque se eu não viesse, ele fazia questão de não vir também. Decidimos deixar o Louis em paz e não pedir boleia, não havia necessidade de o fazer quando podíamos simplesmente passear até ao local. Já se passaram cerca de vinte minutos e finalmente conseguia ver a rua onde se localizava o mesmo.

"Bem, eu abri." ele beijou a minha testa. "Tu és a minha exceção."

"Oh, cala-te." eu choquei a minha anca contra a dele, ainda que sentisse o vermelho percorrer as minhas bochechas. "Tenho a certeza que há mais coisas de que gostes."

Um silêncio tolerável formou-se no ar e suspeitei que ele ele estivesse a pensar sobre o que eu lhe havia dito. Continuei a caminhar sem abrir a minha boca, deixando que ele se absorvesse nos seus pensamentos; queria realmente saber as pequenas coisas que ele gostava. Já sabia que ele gostava dos The Neighbourhood - o que significava que não era imune ao vício da música e ao bem estar que esta trazia consigo, mas era a única informação sobre os gostos dele que tinha. 

Quando estava preparada para abrir a boca e perguntar-lhe algo, ele falou.

"Eu gosto do sotaque do Niall." ele afirmou. "Eu não gosto dele, mas gosto do sotaque."

Ri-me ao lembrar-me de um dos detalhes sobre a sua Sinestesia. Sotaques davam-lhe cócigas. Eu mataria por sentir estas pequenas coisas que ele sente em relação a pormenores da vida como estes; a única coisa que distingue a minha pronúncia da de Niall é o denso sotaque irlandês dele, e só isso consegue trazer mil e uma sensações a Harry. A Sinestesia é algo mágico. 

DARK JEANSOnde histórias criam vida. Descubra agora