Epílogo

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                                      E P Í L O G O 
                                   B L U E   P  O  V  

          Quando as minhas pestanas pretas decidem movimentar-se voluntariamente, trazendo-me de novo a consciência que há tanto tempo desejava, uma moldura de camas de hospitais e pacientes ocupou a minha visão - indicando que ainda me encontrava no hospital. Franzi a testa e tentei mexer a cabeça, sentindo-a ferrugenta. Os meus músculos estavam duridos da cabeça aos pés e ao rolar o pescoço para a minha direita, constatei que algo havia estalado.

           "Estás acordada!" 

      Inconscientemente, as minhas mãos viajaram para os meus ouvidos bloqueando o som anormal que lá penetrou. Os meus olhos arregalaram-se, em puro choque, quando uma explosão de fendas azul-celeste percorreram o meu campo de visão, borrando a parede branca à minha frente. Pequenos fogos-de-artifício enevoaram o meu olhar, criando um padrão desconhecido, afastando a imagem real do hospital por segundos. 

           Mas que raio se estava a passar comigo?

          Olhei para os meus pulsos e reparei na gaze branca enrolada à volta dos mesmos. Gotas de sangue estavam imprimidas no tecido, mostrando que os cortes não estavam totalmente sarados. Lembranças das horas passadas naquele laboratório infernal percorreram a minha mente, fazendo-me encolher. 

           "Blue! Estás bem?!" 

           E aquelas ondas azuis voltaram a bloquear a minha visão. Arfei de forma audível e sentei-me rapidamente na cama, sentindo a minha cabeça andar à roda com a brusquidão do movimento. O meu corpo cedeu e dei por mim a cair para o lado direito, sendo amparada por um par de braços fortes. Arregalei os olhos quando um zumbido irritante percorreu os meus ouvidos - como aquela zoeira estridente de uma melga ao nosso ouvido. 

        "Não me toques!" eu guinchei, afastando-me dos seus braços fortes. 

        Niall pareceu assustado e elevou as mãos, em sinal de rendição. A minha respiração acelerou e sentia o meu coração chocar violentamente contra o meu peito, em acréscimo à dor incessante dos meus pulsos e cabeça. Fechei os olhos com força e tapei os ouvidos novamente, com as minhas pequenas mãos, visualizando padrões entre amarelo-pêssego e vermelho-indiano quando duas enfermeiras entraram na enfermaria - comunicando uma com a outra. 

        "S-Shhh." eu pedi, grunhindo. "Não falem!"

     Encolhi os meus joelhos e escondi a minha cara por entre eles, tentando esconder-me na pequena bola corporal que havia criado. Sentia as minhas lágrimas aparecerem no canto dos meus olhos quando ambas continuavam a exasperar com a minha atitude. Niall falava com elas também, criando uma mistura de fogo de artifício amarelo-pêssego, vermelho-indiano e azul-celeste. 

      Funguei assustada ao lembrar-me de todas as explicações que Harry alguma vez me dera sobre a sua Sinestesia: 

        "...estou constantemente a ver cores visto que existem sons em todo o lado; parece fogo de artifício."

        "Cada vez que sinto o toque de alguma coisa, seja roupa ou pele ouço sons."

     "Para além de ver as diferentes cores cada vez que ouço alguma coisa; sinto os sons também." 

     Soltei um berro quando uma das enfermeiras deixou cair a taça que continha o pequeno-almoço. O som irritante do metal a chocar contra o chão do hospital foi como um murro no estômago. Arfei e levantei os cílios com medo, sentindo a dor rápida desvanecer em segundos. 

      "O q-que é que está a acontecer comigo?!" eu arquejei, sentindo as lágrimas escorregarem pelas minhas bochechas.

     Todos estavam a falar muito depressa. Niall teimavam em tocar-me, em agarrar-me aumentando o zumbido irritante que aparecia nos meus ouvidos cada vez que a sua pele entrava em contacto com a minha. Uma das enfermeiras limpava a confusão que fizera no chão, chocando com a taça de metal mais do que uma vez no chão. A outra falava comigo. 

        "A menina está bem?" ela comunicava comigo. 

   Eu não conseguia responder. Todas estes sons, cores e toques tornaram-se demasiado exorbitantes para eu conseguir aguentar. Encolhi-me ainda mais na cama, escondendo todos os meus sentidos de qualquer pessoa que teimava em assaltá-los, em maltratá-los. Perguntava-me onde estaria Harry. Onde estaria a única pessoa que me poderia ajudar? Porque aquilo que eu estava a sentir correspondia a todos os relatos feitos por Harry da sua própria Sinestesia.

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        Opah, muitoooooooo obrigada por todos os comentários fantástico (e também críticas) que tenho recebido porque são eles que me fazem crescer e ter ideias novas *o* 

          Vou agora publicar os meus agradecimentos, perguntas e respostas e playlist e informações para a WORN JEANS a nova temporada! 

       

        

DARK JEANSOnde histórias criam vida. Descubra agora