DARK JEANS

28|nonsensical

nonsensical(adjective): (of words or language) having little or no meaning; making little or no sense

                                                    /CAPÍTULO 28/

A minha boca abriu-se totalmente depois de ouvir as suas palavras; as minhas pestanas quase tocaram nas minhas sobrancelhas ao abrir demasiado os olhos. Conseguia ouvir o sangue percorrer as minhas veias e o meu coração bater na sua acelerada e descontrolada maneira - algo que me acostumei sempre que Harry fala.

Não é suposto amar-te, a ti.

A minha cabeça tentava processar esta repentina informação. O que estava ele a tentar dizer-me? De uma maneira estranha estava ele a declarar-se a mim? Obviamente que não, o Harry não é o tipo de pessoa que fala dos seus sentimentos quanto mais declarar-se a alguém. Principalmente a mim; uma pessoa que ele fez questão de despachar.

Não queria, por nada, iludir-me a mim mesma e pensar que um rapaz como este poderia sentir alguma coisa por mim. Eu mesmo não sei o que sinto, estou num misto de emoções. Parte de mim sente alguma coisa por ele mas a outra apenas se quer afastar. Provavelmente ele bebeu demais esta noite ou até está mais drogado do que outra coisa; senão, não vejo outra desculpa para ele estar a reagir desta maneira.

Suspirei antes de falar:

"Harry, tu não estás a dizer coisa com coisa."

Puxei-o da frente da porta e abri-a de seguida; estava-me a sentir indisposta com o pouco espaço que esta casa-de-banho deixava existir. Ele parecia estar totalmente desorientado enquanto eu o continuava a puxar até à cama de Olivia, sentei-o lá e coloquei-me de cócoras - olhando diretamente para os seus olhos verdes brilhantes. Com a minha mão sã levantei o seu queixo para cima tentando ter uma melhor visão da sua cara.

"Porquê que te magoaste a ti próprio, Harry?" eu comecei por perguntar, as marcas das queimaduras dos cigarros eram bastante proeminentes.

Ele piscou os seus olhos lentamente, um pequeno sinal de que tinha ouvido a minha pergunta. Infelizmente a sua atenção parecia estar toda no chão do que propriamente na minha cara. Respirei fundo, não queria mostrar a minha pouca paciência mas a verdade é que estavam-se a aproximar as duas da manhã e eu estava para lá de cansada.

"Eu estava triste." ele simplesmente respondeu, a sua voz pequena e rouca.

"Porquê?" eu atrevi-me a perguntar.

Ele encolheu os ombros: "Eu estou sempre triste. Não tenho razões para estar feliz."

Eu consigo percebe-lo; eu mesma pensava exatamente a mesma coisa antes de vir para esta escola. Agora tenho razões para sorrir: tenho boas notas, bons amigos, bons professores e tenho o... Harry. Ele faz-me sorrir; não todas as vezes, mas muitas delas.

"Isso é mentira." eu expliquei. "Tens os teus amigos, os teus pais, tens o Louis, tens me a mim."

Fechei os olhos com força para tentar controlar o impulso de chorar; a sua falta de palavras era o suficiente para eu saber o que ele estava a pensar. Eu não sei o que se passou durante esta semana; antes ele considerava o meu toque e voz o melhor que já tinha ouvido e visto. Agora está a insinuar, de certa forma, que eu lhe causo dor. Harry era o eufemismo da bipolaridade e infelizmente não sei como contornar este problema.

Ainda assim parte de mim continuava profundamente magoada por ele me ter feito prometer algo que eu claramente não queria; se aquela promessa foi algo propositados apenas para ele se ver longe de mim, porquê que voltou? Porquê que este rapaz está à minha frente agora? Milhares de perguntas atravessaram a minha mente, tal como todos as vezes que ele fala. Harry tem o vício de deixar as frases inacabadas e sem sentido; algo que obviamente não me ajuda.