induratize(verb): to make one's own heart hardened or resistant to someone's pleas or advances, or to the idea of love
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C A P Í T U L O 59
Eu não tinha a certeza se me podia consider um cobarde por fugir. Chamar-me-ia isso se não tivesse a coragem suficiente para o fazer, para afastar-me da Blue e deixá-la ser feliz. Ser cobarde é não ter a força necessária para deixar os nossos prazeres de lado, mesmo sabendo que estes podem sair magoados por nos serem tão indispensáveis. Assim sendo, eu não me sentia um cobarde.
A Blue era a minha perdição, a rapariga por quem me apaixonei. Contudo, não era por ela ser um ser essencial à minha existência que eu não faria um esforço - que não deixaria o meu bem estar de lado - para lhe oferecer uma vida nova, longe de preocupações, de doenças raras, de drogas, de raptos, de mim. Portanto, considerava-me forte. E fiel ao meu amor por ela. Quem ama, coloca a felicidade da pessoa à frente da sua.
Desci as escadas do portão em direção ao automóvel estacionado na berma da estrada. Olhei uma última vez para o homem velho e rechochudo que trabalhava quase vinte e quatro horas na portaria - deste vez ele estava a dormir com os pés em cima do balcão pequeno e as costas presas à cadeira almofadada. Lembrei-me das vezes em que Louis gozara com ele sempre que nos escapulíamos em noites de aulas.
"Harry, isto não está certo." o rapaz de olhos azuis balbuciou, abrindo as portas do carro à distância.
Aproveitei para entrar dentro do mesmo, pousando a mochila redonda aos meus pés. Baixei o espelho e olhei para a minha figura, certificando-me que parecia minimamente apresentável. As lágrimas estavam esgotadas, as bochechas limpas e os pulsos ligados, com uma gaze desconhecida que encontrei num dos movéis da casa de banho.
"Podes falar comigo?" Louis exasperou. "Estou a tentar perceber-te e nem sequer fazes um esforço para responder às minhas--"
"O que queres que te diga?!"
"Alguma coisa!" ele exaltou-se. "Alguma justificação! Não podes simplesmente fugir dos teus problemas e fingir que eles não vão continuar a existir."
Respirei fundo e acalmei-me antes de conseguir verbalizar algo que não deveria. Louis estava apenas a tentar ajudar-me e não merecia, de maneira nenhuma, que eu dscarregasse as minhas frustrações nele. Observei as suas mãos tornarem-se brancas ao apertarem fortemente o volante - indicando que estava tão, ou mais, desconcertado que eu. O rapaz pousou o pé no acelerador, embrenhando-nos pelas ruas escuras de Holmes Chapel.
Decidi responder: "Eu não estou a fugir dos meus problemas, estou simplesmente a transporta-los para outro sítio. Onde eles estejam longe da Blue."
"Mas porquê?" ele continuou. "Eles foram presos, eu próprio vi a carrinha da polícia cheia."
"Eles não foram presos." eu rolei os olhos à sua inocência. "No máximo foram levados para interrogatórios e, quando não encontrarem nada para os acusar, vão solta-los com um simples aviso no seu cadastro. Muitos deles não faziam ideia para o que trabalhavam, estavam a cumprir ordens."
"Então achas que fugir é a única solu--"
"Eu não estou a fugir!" interrompi-o mais uma vez.
Onde é que, afastar-me da pessoa que amo para a proteger é chamado: fugir? Eu sei que os problemas vão continuar a existir e tenho plena consciência de que Chalk - e todos os seus outros capangas - vão insistir em perseguir-me, em torturar-me. E, o facto de parte da sua equipa ter sido apanhada por políciais, vai ser apenas uma desculpa para o fazer. Ele é vingativo. Assim sendo, eu não estava a fugir dos problemas, eu estava a salva-la deles. E era a úncia coisa que me interessava no momento.
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DARK JEANS
FanfictionUma história em que um rapaz que vê sons e ouve toques conhece a rapariga que o ensina a viver com as suas diferenças. © 2014 por Niallerismybatman. Todos os direitos reservados.