abrupt(adjective): sudden or unexpected
/CAPÍTULO 54/
Quando a luz do dia penetrou pela janela do quarto, obriguei os meus olhos a abrirem-se e desejei mentalmente a quem quer que tivesse aberto as persianas do dormitório um péssimo dia. A minha cabeça estava perto de explodir e pergunto-me de onde vieram todas as pontadas dolorosas que insistiam em perturbar o meu descanso. Elevei as minhas mãos até à minha cara e esfreguei o sono da mesma sentindo-me mais suja que o normal.
Concentrei-me no lugar que me rodeava assim que reparei que a lâmpada suja e suspensa do dormitório de Harry fora substituída por um candeeiro sofisticado de cor branca e preta. A minha respiração ficou presa na garganta ao perceber que estava deitada numa cama desconhecida ao invés do pequeno ninho no quarto do meu namorado. Os meus olhos arregalaram-se e dei por mim a levantar o meu tronco involuntariamente, assustada com o que acabara de descobrir.
O cobertor branco caiu pelo meu corpo dando-me uma visão privilegiada da minha pele nua. Arfei, não só pela dor aguda que se alastrou pela minha testa mas também por perceber que estava sem roupa. Lágrimas formaram-se nos cantos dos meus olhos e senti vontade de vomitar. Olhei para o lado na esperança de encontrar alguma explicação mas apenas vi um espaço vazio, acrescentando mais uma dose de angústia no meu estômago.
Arranquei o pedaço de roupa branca da cama e enrolei-o à volta do meu torso, escondendo o meu corpo sujo de olhares predadores. Peguei no lençol que se encontrava nos pés-da-cama e solucei ao observar a mancha vermelha no centro do mesmo. Um desconforto exótico percorreu o meio das minhas pernas e dei por mim a juntar todas as peças. A nudez, o quarto desconhecido, o sangue nos lençóis, o incômodo corporal.
Antes que conseguisse processar as ideias a porta do recinto foi aberta bruscamente, bloqueando todo o ar dos meus pulmões. O rapaz tatuado tinha uma toalha branca enrolada na sua cintura e abanava os seus longos cabelos contra outra peça de algodão, retirando o excesso de água que se aglomerara depois do evidente duche. Os seus olhos encontraram os meus segundos depois e a sua expressão culpada atingiu-me mais agressivamente que as constantes dores de cabeça.
O bom deste jogo é que provavelmente não vais beber nada.
Eu nunca. . . usei maquiagem para esconder um chupão.
Eu quero-te a ti.
Quero que faças amor comigo, aqui e agora.
Talvez o Niall queira perder a sua virgindade comigo.
Eu nunca me arrependeria de te amar.
Vais odiar-me.
Tens a certeza, Blue? Depois de feito não há volta a dar.
As imagens do que se passou na noite anterior reproduziam-se à frente dos meus olhos como um filme. A forma como eu me atirei a Harry, como trocávamos os nossos beijos, como sentia a sua pele contra a mim, como acariciei a sua face múltiplas vezes. Eu estava claramente bêbada e não havia dúvidas que essa era a principal razão para as minhas enxaquecas matinais, assim como para as minhas atitudes noturnas. Eu tinha perdido a minha virgindade.
"Blue." a voz dele saiu arrastada e com uma dose merecida de culpa. "Desculpa."
Os seus olhos mostravam claro arrependimento e dei por mim a querer abraçá-lo mas afastei rapidamente essa ideia quando as lembranças teimaram em fazer uma nova aparição. Não sabia como lidar com esta situação. Parte de mim sempre achou que jamais perderia a virgindade num quarto desconhecido e sem a sua total sanidade mental, mas a verdade é que isso aconteceu e como me recordo de Harry ter dito... não havia volta a dar.

VOCÊ ESTÁ LENDO
DARK JEANS
FanfictionUma história em que um rapaz que vê sons e ouve toques conhece a rapariga que o ensina a viver com as suas diferenças. © 2014 por Niallerismybatman. Todos os direitos reservados.