44|verboten

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verboten(adjective): forbidden, as by law; prohibited

                                                 /CAPÍTULO 44/

No dia seguinte estava eu novamente no hospital. Envergava umas calças justas castanhas e uma camisola grossa branca, por cima trazia um casaco longo com padrões exóticos. Mas para além desses itens todos, trazia um enorme sorriso na cara. A vivacidade voltou ao meu olhar, assim como as rugas de expressão cada vez que eu elevava os cantos dos meus lábios. O Harry estava vivo e era a única coisa que me interessava.

Mal dormira esta noite, a alegria era tanta que apenas pulava e soltava guinchinhos debaixo do edredão. Jane acabou por vir dormir comigo, querendo mostrar que também estava feliz.

Ontem, depois de ser praticamente obrigada a sair do hospital às dez e trinta da noite - quando já era suposto estarem todos os pacientes a dormir - fui falar com o Dr. Harden, o médico que me explicara, a mim é ao Louis, como a Sinestesia funcionava e o que descobriram nas análises feitas. Perguntara-lhe quando Harry poderia finalmente comer alguma coisa; a sua resposta foi 'amanhã' - sendo hoje - mas apenas com comidas suaves e frescas, por exemplo frutas.

"Harry Styles." eu sorri para a senhora na recepção.

Ela deu-me uma pequena ficha indicando-me novamente o quarto dele. Olhei para o relógio no tipo da parede: dez horas e um minuto. A primeira hora de visitas era as nove e trinta, mas achei que Harry ainda estaria a dormir. Caminhei sossegadamente pelos corredores dos hospitais apreciando todas as pessoas que cá estavam.

Pergunto-me se quando estava sentada naquelas cadeiras de espera alguém focou o seu olhar em mim; alguém reparou na expressão de dor na minha cara e se importou minimamente para comentar com o colega do lado. Será que alguém viu e deu importância ao meu súbito ataque quando a maca de Harry estava a ser empurrada contra a maldita porta da sala de emergências.

Agora simplesmente vejo pessoas choramingas, umas agarradas às outras enquanto expulsavam as mágoas que sentiam. Imaginava que tivessem perdidos ou talvez prestes a perder um ente-querido. Um aperto apareceu no meu coração ao lembrar-me que à horas atrás, eu própria estava nessa situação.

"Bom dia." eu sussurrei ao abrir a porta do seu quarto.

"Bom dia." a primeira voz que ouvir foi a da velhinha ao pé da porta, que descobri chamar-se Morganna.

Acenei para ela e fechei a porta atrás de mim. Reparei que uma criança estava deitada na cama ao lado de Morganna, a sua mãe estava com a cabeça pousada nos lençóis enquanto dormia. Caminhei vagarosamente, tentando provocar o mínimo barulho possível - sendo quase impossível pois as botas castanhas que decidira trazer neste dia traziam um pequeno salto.

Harry estava na habitual cama do fundo a olhar para o teto; os olhos estavam fechado e o seu maxilar cerrado como se estivesse prestes a explodir. Puxei a cadeira de cabedal vermelho encostada à parede e sentei-me ao seu lado, como sempre.

"Bom dia, Harry."

Ele abriu os olhos e olhou para mim por entre maxilares fechado, respirou fundo e soltou-os apenas para me dar um sorriso carinhoso.

"Bom dia, paixão."

As minhas bochechas ficaram vermelhas e não pude evitar soltar um risinho. Agarrei na mão dele e entrelacei os nossos dedos.

"O que se passa?" era óbvio que ele estava irritado com alguma coisa.

Harry grunhiu e revirou os olhos parando quando os focou na máquina de batimentos cardíacos ao seu lado. Olhei para lá e sorri com todos os dentes, os barulhos que de lá saiam apenas mostravam o quão bem o coração dele estava a bater. Enquanto estas linhas coloridas continuassem a subir e a descer conforme a respiração dele, tudo estava onde devia estar.

DARK JEANSOnde histórias criam vida. Descubra agora