DARK JEANS

38|stentorian

stentorian(adjective): very loud or powerful in sound

                                                        /CAPÍTULO 38/

As minhas mãos tremiam freneticamente enquanto eu observava o rapaz à minha frente. O seu corpo andava de um lado para o outro enquanto as suas mãos lutavam contra o impulso de se enrolarem no seu próprio cabelo, em frustração. O peito dele subia e descia rapidamente, enquanto os seus dedos apertavam as suas palmas. Noutras circunstâncias, iria aproveitar para dar uma olhada ao torno nu de Harry, apreciar as suas inúmeras tatuagens e ainda pensar como seria puder tocar nelas; mas agora, apenas consigo estar pressionada contra a porta, o mais afastada possível.

Após me ter deixado no dormitório dele, Zayn virou costas e dirigiu-se para o exterior, não sem antes deixar um insulto no ar. Isso acontecera à mais de quinze minutos e é exatamente à esse tempo que estou à espera que Harry fale, que mostre algum tipo de emoção para além da frustração e da raiva escrita na sua cara. Conseguia ouvir a sua respiração, mesmo que estivesse fora do quarto e para ser sincera, estava com medo do que saísse dali. Eu conhecia-o, sei que quando está zangado é capaz de levar à frente qualquer coisa, mesmo que seja eu.

Observei o quarto e reparei que a única coisa que iluminava o lugar era a fraca luz da lua que espreitava pelos grandes vidros da janela. Vi que a sua cama estava desfeita e depois de ver a sua cara sonolenta percebi que ele estivera a dormir; sendo uma coisa que apesar de necessária, o Harry faz pouco, estou arrependida por ter interrompido esse pequeno milagre.

Fechei os olhos com força e obriguei-me a mim mesma a afastar todas as lágrimas que pensaram escorrer pela minha cara. Não estava na altura de ser fraca, fora eu que escolhera este caminho e agora vou ter de arcar com as consequências. Tentei afastar-me mais um pouco dele, mas era fisicamente impossível visto que estava colada à porta. Pensei em sair também do quarto, mas isso seria uma atitude covarde.

Antes que o meu cérebro pudesse cooperar com a minha boca, esta última murmurou.

"Harr--"

"Nem fales!" ele berrou.

Uma respiração trêmula saiu da minha boca ao ouvir a sua exigência. Eu sei que ele está zangado comigo, sei que não me devia ter metido nos assuntos dele, ainda que ele me tivesse pedido mais do que uma vez para eu não o fazer. Mas acho que o amor falou mais alto e talvez se ele soubesse a verdade, teria um pouco de compaixão para comigo. Ou talvez não, ele é imprevisível.

Minutos se passaram até Harry parar à minha frente, a alguns metros de distância. As suas mãos estavam posicionadas nas suas ancas enquanto uma expressão de fúria atravessava o seu rosto. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele atirou:

"Porque raio é que tu fizeste aquilo, hun?!" conseguia sentir o veneno na sua voz, as suas mãos começaram a gesticular. "És idiota?"

Odiava ver esta parte do Harry, onde ele atirava argumentos ao ar e insultos, mesmo sem pensar. Gostava de meter na minha cabeça que o que ele dizia não era por mal, mas não deixava de odiar esta faceta. De qualquer das maneiras, ele não está habituado a ser gentil, antes de eu aparecer ele tratava toda a gente mal ou se calhar até nem falava. Por isso, ele está a fazer progressos.

"Harry, eu--"

"Merda! Não fales!" ele repetiu outra vez com a mesma intensidade.

A sua cabeça baixou e ele colocou as mãos na sua cara cobrindo-a em frustração, de seguida murmurou para si próprio, por entre dentes.

"Não aguento o som da tua voz, neste momento."

Isso de certa forma magoou-me. Eu estava habituada a ser a única voz ou toque que ele gostava, que ele permitia. Mas ouvi-lo dizer, que não aguentava esse som, fez o meu estômago rodar. Senti as lágrimas aproximarem-se, o ardor nos meus olhos mas engolias sem deixar que nenhuma escorresse.