moon(verb): to gaze dreamily or sentimentally at something or someone
/CAPÍTULO 49 - BLUE POV/
Eu ainda estava estupefacta com o que tinha acontecido. Eu não era estúpida o suficiente para achar que estes ataques subitamente tinham desaparecido, obviamente que não era o nosso amor que iria fazer a sua Sinestesia aparecer - mas a última vez que isto tinha acontecido fora quando falara com ele pela segunda vez, quando lhe tocara na mão. Ver isto acontecer novamente, meses depois, despertou uma tristeza em mim. Parte de mim acreditava que talvez as suas Sobrecargas Sensoriais tivessem estagnado.
Encostei a minha cabeça à parede e deixei que o Harry recuperasse definitivamente o seu fôlego. As minhas mãos massajavam os seus cabelos, tentando trazer-lhe algum conforto. A sua respiração era pesada, principalmente depois da promessa que fizemos mutuamente. Depois de o ver neste estado de desespero, quis ter a certeza que quando isto voltasse a acontecer ele soubesse que eu estaria com ele, independentemente de tudo.
"Harry!" a voz da Irmã Mary soou. "Harry, meu filho!"
Levantei o olhar e agradeci mentalmente por ela ter fechado a porta da sala deixando o barulho intenso das crianças atrás das paredes. Ela pegou na sua longa saia enquanto corria em nossa direção. Harry levantou a cabeça do meu ombro e olhou para ela mostrando o seu desagrado com toda a situação.
"D-Desculpe." ele pediu rapidamente, elevando-se do chão. "Eu não queria que nada disto acontecesse."
Agarrei-o enquanto ele se colocava em pé, com medo que mais alguma coisa acontecesse. Levantei-me do chão também e arranjei a minha roupa, amarrando o robe novamente junto do meu corpo.
"Não tens de pedir desculpa, Harry." ela aproximou-se dele pousando uma mão no ombro. "Podias ter-me avisado que casos destes podiam acontecer, eu teria acalmado as crianças."
Harry abanou a cabeça freneticamente: "Como disse, são apenas crianças. Não têm culpa."
Olhei para ele e reparei no súbito cansaço que aparecera na sua cara. Tenho quase a certeza que ele não dormira muito esta noite e que este acontecimento apenas o veio exaustar ainda mais. Ele estava todo suado e com a camisa totalmente aberta, expondo todas as tatuagens no seu corpo; os seus cabelos estavam totalmente bagunçados e parte deles estavam colados à sua testa. Agradeci por ser a Irmã Mary aqui comigo, tenho a certeza que se fosse qualquer outra Irmã o teria repreendido ou reclamado sobre isso.
Ao ouvi-lo falar assim das crianças, um aperto formou-se no meu coração. Se há coisa que adorei durante estes meses, foi ver o Harry crescer. Se fosse num dos primeiros dias tenho a certeza que trataria todas as crianças de forma horrível e colocaria a culpa em cima deles, mesmo que, obviamente, a culpa não fosse deles. Um sorriso orgulhoso formou-se nos meus lábios. A verdade é que eu ajudei estes rapaz, a tornar-se num Homem e tinha orgulho nisso.
"Eu vou tentar chamar a atenção das crianças para falarem um pouco mais baixo." a Irmã insisitiu mais uma vez. "Não tens de te sujeitar a coisas assim. Elas conseguem compreender."
Depois de longos segundos, Harry assentiu, ainda que com uma careta na cara. Sei que ele odiava que lhe fizessem favores ou o tratassem de forma diferente pela sua condição - por algum motivo muito poucas pessoas sabem. E obviamente que a Irmã Mary apenas sabe a verdade, porque o acolheu quando ele era mais novo, senão, ficaria na ignorância.
"Queres que te traga um copo de água?" ela perguntou com carinho.
"Sim, por favor." eu respondi por ele.
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DARK JEANS
Hayran KurguUma história em que um rapaz que vê sons e ouve toques conhece a rapariga que o ensina a viver com as suas diferenças. © 2014 por Niallerismybatman. Todos os direitos reservados.