22|trepidation

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trepidation(name): a state of fear or anxiety;

/CAPÍTULO 22/

Os meus pés pareciam colados ao chão, aparafusados. As minhas mãos apertavam com força a parte superior do banco - em que há minutos atrás Harry estava sentado comigo ao colo - fazendo com que os nós dos meus dedos ficassem brancos. A minha boca estava ligeiramente aberta enquanto as lágrimas preenchiam as minhas bochechas colando-se a elas. Mordi o meu lábio com força tentando parar o meu choro.

A última vez que chorei assim foi agarrada ao seu peito depois do meu súbito ataque de raiva. E ao contrário de agora ele estava a passear as suas mãos pelas minhas costas tentando suavizar a tensão que eu sentia; desculpando-se pelas palavras que me havia dito e revelando pequenos pormenores sobre a sua infância e Sinestesia.

Como é que tudo isto aconteceu? Num momento estava abraçada a ele e no outro quatro homens estavam a arranca-lo dos meus braços. Gostava de ter sido mais forte e salvado o Harry, de ter empurrado aqueles homens definitivamente e afasta-los de vez dele.

Era bastante óbvio que os tipos conheciam o Harry, assim como conheciam o seu distúrbio. Coisa que quase ninguém sabia. Será que eram parentes ou alguma coisa do género? Mas porque haveria ele de ter parentes assim tão... maus? Que faziam-no sentir mal de propósito. Ele nunca me havia falado das palmas e do efeito que ele tinha mas com certeza não deve ser nada agradável.

"Oh Deus!" saltei assim que senti uma mão no ombro. "A menina está bem?"

Olhei para o lado e reparei na rapariga do outro lado do parque; que havia chamado a polícia. Dois homens - com um crachá de um dos lados da farda - davam a entender ser as autoridades. Estes olhava com expectativa no olhar tentando perceber o que se passava. Os meus olhos arregalaram-se e limpei a cara rapidamente livrando-me de qualquer tipo de vestígios de mau estar ou que indicassem que estava mal.

As palavras de um dos homens continuavam na minha cabeça: 'Ela não seria suficientemente estúpida para nos denunciar; isto é se ainda te quiser ver vivo.'

"Eu-Eu estou bem." eu assenti.

"Não!" a senhora parecia chocada. "Eu vi uns homens a meterem-se contigo e c-com o teu namorado."

O meu coração deu um pequeno pulo ao ouvir a última palavra.

"Vês!" a mulher abanou os braços. "Ele já nem está aqui! Os homens levaram-no!"

As minhas palmas começaram a soar e mordi os meus lábios repetidamente. Eu não era nada boa a mentir nem a inventar mentiras; e estar a falar com as autoridades não ajuda nada. Era a primeira vez que falava com alguém com um cargo tão superior na sociedade. Será que eles me podem prender por mentir? Eles também não teriam maneira de sabe. Respirei fundo e limpei as mãos às minhas calças discretamente.

"Não-Não." eu respirei. "Ele só foi buscar um... gelado."

Apetecia-me bater com a mão na testa. Um gelado? O meu subconsciente fez uma cara de estúpido. Com este frio? Pressionei os meus lábios tentando conter o impulso de contar a verdade; eu sei que devia e que provavelmente eles apanhariam a carrinha a meio do caminho se partissem agora mas não podia correr o risco de magoar o Harry, ou que algum deles o magoe. Suspirei e tentei manter a cara mais inocente possível.

"Não podes estar a falar a sério." a mulher falou com uma cara desapontada e ao mesmo tempo zangada. "Eles empurraram-te para o chão! Levaram o teu namorado e ainda assim estás a mentir?"

Raiva começou a percorrer as minhas veias. As minhas mãos voltaram a apertar o banco com a maior força que conseguia tentar controlar a vontade de a repreender. Sim, eu estou agradecida por ela ter chamado a polícia e tentado ajudar-me mas deveria tê-lo feito mais cedo; antes de eles terem empurrado Harry brutalmente para dentro de uma carrinha. Talvez assim ele ainda estivesse aqui comigo e não estaria nesta total mágoa e medo. Um dos polícias olhou para a senhora, tentando perceber o que se passava. Aproveitei o olhar suspeito que ele lhe deitava para falar.

DARK JEANSOnde histórias criam vida. Descubra agora