anger(name): a feeling of great annoyance or antagonism as the result of some real or supposed grievance; rage; wrath
/CAPÍTULO 15/
Eu, Blue Hemmings, nunca fui o tipo de rapariga que se zanga; que faz uma expressão de chateada, cruza os braços no peito e deixa de falar com a pessoa que a ofendeu. Mas desde que conheci o Harry não me sinto a mesma rapariga que era antes. Talvez eu nunca devesse ter entrado nesta escola, nunca devia ter deixado a inocência do lar onde nenhuma das crianças apunhala a outra pelas costas. Mas a decisão foi minha, o meu sonho sempre foi sair daquela instituição e não podia deixar o rapaz tatuado de cabelos roxos estragar o que demorei dezassete anos a construir.
Sim, a verdade é que eu comecei a preocupar-me com Harry a partir do momento em que descobri que este sofria de Sinestesia. E ainda mais depois de ver o seu ataque de Sobrecarga Sensorial. Não era exatamente pelo seu aspeto ou beleza – porque se fosse por isso com certeza nunca me iria meter com ele, os seus piercings e tatuagens são a prova disso – mas sim pela curiosidade que apareceu em mim quando soube da sua condição. Talvez estivesse na altura de me afastar dele, de deixar a minha bisbilhotice de lado e guardar o respeito por mim própria.
Desejava que Harry fosse como Niall ou Zayn, rapazes normais que se preocupavam comigo genuinamente. Que não me usam apenas quando precisam e me atiram para o lixo quando já não lhes sirvo. Eu já deveria saber que Harry nunca se interessaria por mim da mesma forma que eu me interesso, nunca poderíamos formar qualquer tipo de amizade como a de Niall ou Zayn. Mas o que eu deveria mesmo era parar de compara-lo com outras pessoas; porque ele não é nada como eles.
Suspirei para mim própria depois de gritar aquelas palavras para o rapaz tatuado. Ele parou de caminhar, ficou preso ao cimento do chão. Os seus ombros subiam e desciam como se estivesse a respirar pesadamente; o seu cabelo roxo abanava ao sabor do vento e os seus punhos estavam apertados pelos lados. O meu pé direito começou a bater no chão repetidamente e cruzei os braços, não tinha a certeza se ele me iria responder mas esperei qualquer tipo de reação.
De repente uma gargalhada soou. E eu virei-me para os lados tentando encontrar a fonte do riso, não esperando de maneira nenhuma que aquela risada viesse de Harry. Mas quando este se virou para mim novamente, reparei que era mesmo ele. As suas mãos agarraram a sua anca enquanto ele se ria de forma histérica, ainda que a sua voz fosse grossa e baixa. A sua cabeça rolou para trás enquanto ele continuava a mostrar o quão engraçada tinha sido a minha frase; uma graça que eu não conseguia encontrar.
“O que é tão engraçado?!” eu atirei.
Ele começou a aproximar-se de mim em passos largos, estando a dois pés de mim num instante. È triste saber que a primeira vez que ouço o riso de Harry, que vejo um sorriso vindo dele é na realidade para gozar comigo. Gostava de ter visto as covas que se formam nas suas bochechas depois de o elogiar, depois de dizer alguma coisa que o faça sentir bem. Mas infelizmente, nunca vou puder dizer isso.
“O facto de tu achares que eu te queria mesmo beijar.”
Novamente uma dor apareceu no meu peito; uma pitada de mágoa. Eu deveria saber. E o que me deixa ainda mais triste é o facto de eu me ter avisado a mim própria tantas vezes; de eu saber que ele não era de confiança, que ele me iria magoar. Eu não devia ficar assim afinal não temos qualquer tipo de relação.
“Eu não sei como tudo funciona no teu pequeno mundo.” ele adicionou fazendo gestos para a minha cabeça. “Mas no meu mundo, as pessoas usam as outras para o seu próprio benefício. E foi exatamente isso que eu fiz.”

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DARK JEANS
FanfictionUma história em que um rapaz que vê sons e ouve toques conhece a rapariga que o ensina a viver com as suas diferenças. © 2014 por Niallerismybatman. Todos os direitos reservados.