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/CAPÍTULO 45 - HARRY POV/
"Merda, merda, merda." eu engoli em seco.
A minha atenção foi roubada por um grito vindo da minha direita. Blue. Ela estava sentada no chão - provavelmente havia caído com o susto. Não conseguia ver quase nada com o vapor sufocante do nebulizador, mas percebi que ela escondeu o cigarro atrás das costas o mais rápido que conseguiu. As minhas veias ficaram congeladas e o meu coração parecer parar de bater por um milionésimo de segundo. Não estava assustado por mim, estava assustado por ela. Quem quer que nos tenha apanhado nestes preparos vai com certeza chatear-se severamente com a Blue.
Mas foi aí que ouvi o som distante e arrastado de um riso bem característico. Demasiado característico para não o identificar.
Abanei as minhas mãos para a frente e para trás, fazendo a névoa branca desaparecer aos poucos. Quando garanti que o fumo do cigarro tinha espairecido o suficiente para não restar vestígios do crime, puxei toda a cortina para trás tendo agora uma visão clara sobre toda a enfermaria. O que vira no momento seguinte fez-me grunhir em frustração e raiva: Louis.
"Vocês deviam ver as vossas caras!" ele exclamou por entre risadas.
Reparei que a Morganna começava a levantar a cabeça pelo canto dos meus olhos e agradeci por ela não o ter feito mais cedo. É sinal que não deu por nada do que se passara à minutos atrás. Relaxei e encostei novamente a minha cabeça à maca quando percebi que tudo isto não passou de um falso alarme. Blue levantou-se do chão com uma expressão aliviada, ainda que ligeiramente zangada. Soltei um risinho ao ver a sua tentativa falhada de parecer chateada; ela simplesmente não era assim.
Sentou-se na cadeira ao lado da cama e mergulhou o resto do cigarro no copo de água junto da mesa-de-cabeceira. Desviei o olhar ao pensar que ela estava a desperdiçar uma grande quantidade de nicotina - quando esta, infelizmente, se tornava cada vez mais cara. Mas ela fizera mais do que devia, arriscou tudo para me oferecer aquele pedaço de fumo. Sentia-me ligeiramente culpado pelo sucedido. Obviamente que eu não me queria tornar um betinho por ela, mas também não queria que ela se tornasse uma rebelde por mim. O que tornava a nossa relação, um tanto complicada de gerir.
"És estúpido, meu?!" eu abanei a cabeça para ele.
Ele parou de rir por um segundo, tentando falar:
"Quando entrei aqui e vi as cortinas fechadas, até pensei que iria ver uma daquelas sessões de sexo escaldante no hospital. Ou nos piores dos casos, ver os lábios da Blue enrolados no teu bonito pênis." ele soltou outra gargalhada "Mas parece que estou errado. O que é que vocês estavam mesmo a fazer?"
Não consegui evitar soltar um riso alto ao ouvir o comentário inapropriado de Louis. Aquele rapaz não tem papas na língua, nem vergonha de falar, seja onde estiver. E talvez seja isso que eu mais gosto nele; não tem nenhum tabu e fala de tudo aquilo que quiser, quando quiser. Mas obviamente, a conversa afetou a Blue. A sua mente demasiado inocente e puritana para aceitar uma pequena brincadeira dele, que dalguma forma, pretendia suavizar o ambiente.
Blue olhou para as suas mãos, batalhando com os dedos. Conseguia ver o carmim percorrer-lhe o pescoço até às bochechas, dando-lhe a sua exagerada cor vermelha sempre que sentia a necessidade de corar. Abanei a cabeça sorrindo para ela, talvez seja por isto que goste tanto da Blue. Ela traz bons e inocentes espíritos, quando toda a gente está rodeada de mentes sujas. Pousei a minha mão nas dela, entrelaçando-as.
"Primeiro que tudo," eu respirei. "Porque raio é que querias ver-nos a ter sexo escaldante no hospital? Há uma coisa chama pornografia, onde idiotas excitados como tu podem satisfazer as suas necessidades."
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DARK JEANS
FanfictionUma história em que um rapaz que vê sons e ouve toques conhece a rapariga que o ensina a viver com as suas diferenças. © 2014 por Niallerismybatman. Todos os direitos reservados.