sense(name): any of the faculties, as sight, hearing, smell, taste, or touch, by which humans and animals perceive stimuli originating from outside or inside the body:
/CAPÍTULO 47/
Os meus olhos continuavam arregalados. O que acabara de acontecer? A minha mente estava demasiado confusa para colocar mais alguma questão para além daquela. A reação da Irmã Mary e de seguida de todas as outras Irmãs fizeram-me perceber que todas elas - ou quase todas - conheciam o rapaz. Sei que já tinha falado dele mas nunca o tinha descrito fisicamente e nenhuma delas teria confiança suficiente para o tratar assim.
Olhei para Harry que se mantinha estático enquanto todas as irmãs o tentavam abraçar e falar repetidamente com ele. Reparei que a Irmã Jenny se mantinha encostada ao armário de entrada com uma expressão chocada e ligeiramente atordoada como se tentasse acreditar que estava a ver mal.
"Oh, Harry. Não acredito que encontraste a nossa Blue!" a Irmã Mary acariciou a face dele. "Já se passou tanto tempo! Cresceste tão rápido!"
Caminhei furiosamente para o meio dos dois tentando afastar a Irmã dele. O que eles estavam a dizer? Como é que elas o conhecem? Não fazia ideia de onde vinha esta história. Olhei severamente para um e para outro com um olhar confuso.
"Tu conheces a Irmã Mary, Harry?" eu levantei uma sobrancelha.
Ele abriu a boca para falar - ligeiramente confuso e com uma expressão culpada - mas foi interrompido por uma das Irmãs.
"Sim, querida!" ela exclamou. "Não te lembras? Ele esteve connosco no lar, tinhas tu uns 8 anos!"
E o meu coração congelou, o sangue deixou de correr pelas minhas veias e a minha cabeça quis parar de funcionar. Não podia ser. O que elas estavam a dizer era uma absoluta barbaridade. Não podia ser o Eddy, aquele Eddy da minha infância. Eu nunca o chamava Harry, não conseguia pronunciar o seu nome quando era mais nova e acabava sempre por chamá-lo Eddy - devido ao seu segundo nome.
A imagem de um rapaz calado e solitário com farfalhudos caracóis castanhos que lhe tapavam quase a cara toda - e que devido a isso, apenas decifrei a cor dos seus olhos passado demasiados anos, ainda que não me conseguisse relembrar deles. Eram vagas imagens, imagens fantasmagóricas e distantes, eu tinha pouco mais de oito anos quando ele fora adotado por uma das médicas psiquiatras que faziam visitas ao lar anualmente.
E subitamente tudo começou a fazer sentido. Harry disse-me que depois do bar ficou durante dois anos no hospital e que mais tarde a mãe de Louis descobrira a sua Sinestesia; mas nunca me contara como a conheceu, nem para onde foi depois daqueles dois anos no hospital psiquiátrico. Talvez até seja por isso que ele não quisera vir quando lhe pedi para passar o Natal comigo no lar, provavelmente porque sabia que iria dar de caras com as Irmãs e que possivelmente alguma delas o iria reconhecer.
Olhei para Harry com lágrimas no olhos e com a boca ligeiramente aberta. A sua expressão parecia dolorosa e com arrependimento.
"Tu-Tu és--"
"Sim, Blue. Era eu." ele tossiu. "Sou eu."
As lágrimas escorreram livremente pela minha cara - não de tristeza mas talvez de traição, sentia que vivi numa mentira durante este tempo todo. Ele soube de todo o meu passado, sabia que eu não tinha pais e que vivia neste lar e mesmo assim deixou-me passar pela humilhação de lhe contar, de chorar à frente dele. Foi por isso que quando me insultara e me chamara freira num dos primeiros dias me abraçara repentinamente nos segundos seguintes. Ele sabia. Ele sabia de tudo. Como é que se esqueceria? A sua Sinestesia faz questão de lhe relembrar todos os momentos da vida dele.
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DARK JEANS
FanfictionUma história em que um rapaz que vê sons e ouve toques conhece a rapariga que o ensina a viver com as suas diferenças. © 2014 por Niallerismybatman. Todos os direitos reservados.