02|school

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school (name): an institution where instruction is given, especially to persons under college age

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                                                   C A P Í T U L O  2

        Os meus olhos abriram-se dando oportunidade à luz do sol para invadir o meu campo de visão, fazendo-me fechar as pupilas com o impacto. Rodei na cama com um grunhido sonolento e puxei os cobertores para cima de mim voltando à escuridão em que antes vivia. Os mexericos que se ouviam não me permitiram voltar ao sono e baixei os cobertores abrindo novamente os olhos. Olhei para ambos os meus lados e vi Louise - uma rapariga de quatro anos que chegou à cerca de dois meses para o orfanato, pelo que percebi os seus pais divorciaram-se e ambos deixaram bem claro que não tinham condições para criarem a filha sozinha. - ela não era de falar muito, provavelmente porque ainda não se habituou ao lar. Porra, eu estou aqui à dezassete anos e mesmo assim não falo com ninguém, quem sou eu para julgar?

"A irmã Marie pediu para te chamar."

As suas mãos atrás das costas e o seu olhar no chão mostravam que estava demasiado envergonhada e ri-me silenciosamente pensando que seria assim também, que as pessoas me viam quando eu falava. Sempre envergonhada e com medo do que elas poderiam pensar.

Afastei os cobertores do meu corpo, depois de lhe agradecer pela informação e obriguei o meu corpo a levantar-se da cama. Hoje seria um grande dia e queria estar no meu melhor, ou pelo menos queria estar de maneira a que a minha pouca confiança aumentasse. Abri o meu armário, onde estava a roupa que tinha deixado para este dia - umas calças de ganga justas que comprei numa visita a Londres e uma camisola de lã verde escuro que uma das irmãs me ofereceu pelo meu aniversário. - umas das roupas mais bonitas e simples que eu tenho, não sou uma das pessoas de chamar a atenção e mesmo que quisesse duvido que isso acontecesse. Vesti-me rapidamente com um sorriso genuíno na cara - um que já não via a bastante tempo. Peguei na mochila onde tinha todos os meus pertences e, depois de fazer a cama, dirigi-me à enorme sala de convívio que tínhamos.

"Estás pronta, Blue?" perguntou a voz que eu reconhecia ser da minha psicóloga.

Virei-me para a encarar e sem pensar muito no que fazia - visto que não sou uma rapariga de muitos afetos. - abracei-a com força. Agradeci-lhe várias vezes por tudo aquilo que tinha feito por mim, todas as vezes que ela me viu com uma lâmina na mão e logo a atirou para o caixote do lixo, por todas as vezes em que me deixou chorar no seu peito mesmo que eu já não tivesse mais água para deitar e por todas as vezes em que foi uma irmã para mim e me mostrou o lado bom da vida.

"Obrigada." eu repeti o que estava a dizer desde que me atirei para os seus braços.

"Não tens de agradecer Blue, sabes que eu gosto muito de ti."

Larguei-a com lágrimas no canto do olho, nestes últimos anos ela tem sido o meu grande apoio e se não fosse ela, tenho a tristeza de dizer, que não estaria aqui hoje. Prestes a realizar um dos meus sonhos. Ela agarrou nos meus ombros fazendo os meus olhos azuis olhar diretamente para os seus.

"Se precisares de uma amiga ou de algum conselho, sabes que eu vou estar aqui." ela assegurou-me e beijou a minha testa logo de seguida.

Agradeci mais uma vez e afastei-me dela endireitando a mochila das costas e caminhei até à cozinha onde a irmã Marie já esperava por mim. Ela estava sentado numa das cadeiras à volta da gigante mesa e dei por mim a relembrar momentos que passei lá.

DARK JEANSOnde histórias criam vida. Descubra agora