51|examinee

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examinee(name): a person who is examined                        

                                                                /CAPÍTULO 51/ 

Corri o mais rapidamente que conseguia em direção a Harry quando vi Chalk, e o seu companheiro, afastarem-se por entre as árvores. Ajoelhem-me à frente dele e levantei a sua cara, avaliando a ferida que escorria no lado esquerdo da sua testa; ele tossia furiosamente, ainda com a sensação que o homem lhe apertava a garganta. Acariciei as suas costas, murmurando que estava tudo bem.

"Harry." eu respirei, chamando a sua atenção.

Ele levantou os olhos e vi raiva desenhada neles - não sei se era dirigida a Chalk, ao Dr. Harde ou até a mim, mas a verdade é que a fúria no seu olhar fez-me recuar ligeiramente. Harry colocou-se de pé, limpando a sua roupa de seguida e afastou o seu cabelo do sangue da sua testa queixando-se quando tocou com mais força no lugar sensível. Assim, que ia falar ele virou costas e começou a caminhar com passadas largas pelo parque de estacionamento.

Mostrei uma expressão confusa e corri atrás dele. Harry aproximou-se de um dos muitos táxis estacionados no local e abriu a porta de um deles com força a mais.

"Entra." ele ordenou olhando-me. 

"Harry--"

"Entra na merda do táxi!"

Sem mais nenhuma palavra entrei no carro, sorrindo timídamente para o condutor que olhava para a cena com um ar atrapalhado. Harry entrou de seguida, sentando-se ao meu lado e exigiu ao homem de cabelos brancos que nos levasse para o colégio. Franzi as sobrancelhas e quando estava preparada para o contrariar - pedindo para nos levar para o Lar - lembrei-me que ele estava aleijado, eu estava assustada e nenhuma dessas condições afastaria as Irmãs de fazerem perguntas que com certeza nenhum de nós iria responder. 

Olhei para Harry que se mantinha encostado à janela de forma zangada e exasperada. Queria tanto aproximar-me dele, abraçá-lo, beijá-lo e confortá-lo; mas sabia que quando ele estava assim, no seu pequeno Mundo de raiva, não seria uma boa ideia - principalmente com o olhar atento do táxista. Ao contrário do que queria, fiquei encostada à minha porta tentando controlar o meu corpo trêmulo.

Ainda estava a tentar perceber o que se passara há minutos atrás. Fora procurar o Harry com a maior calma e inocência que conseguia e acabei no chão, com uma arma apontada e com um aviso que continuava a ecoar na minha cabeça: "Tem atenção, porque para a próxima vez que eu aparecer no vosso caminho. Vocês vêem comigo."  Como era suposto eu afastar estas frases da minha mente? Eu já tinha sido avisada demasiadas vezes e parte de mim estava pronta, há semanas atrás, para ir com o Chalk e acabar com todo este problema de vez. Mas a verdade é que agora era a última coisa que queria. 

Os meus pensamentos desapareceram no ar quando ouvi a porta do carro bater com força, olhei para o lado e vi que Harry já tinha saído do táxi. O condutor deu-me um pequeno sorriso carinhoso e quando me ofereci para pagar o trajecto - com o pouco dinheiro que trazia comigo - ele avisou-me que Harry já o fizera. Acenei e agradeci-lhe pela viagem. 

"Harry!" eu chamei com força quando entrei dentro do edifício dos dormitórios, já não vinha aqui desde a tentativa de suícido dele.

"Harry, para!"

Bati com as mãos na porta do seu quarto quando ele a tentou fechar, abrindo-a com uma facilidade incrível - o que me fez suspeitar que ele não queria propriamente que eu me afastasse. Tranquei a porta atrás de mim e virei-me para ele que se mantinha sentado com a cabeça entre as mãos. 

DARK JEANSOnde histórias criam vida. Descubra agora