Capítulo 3

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POV Madalena

Depois de passar a manhã a receber as últimas "regras" do meu pai, e de um almoço a ouvir as indirectas do meu avô, as quais ignorei, despeço-me de todos e rumei até á estação. Consegui, não sei como, convence-los a não irem comigo. Ninguém podia saber que não iria apanhar o comboio para lis6e sim para o Porto.

Finalmente cheguei à estação, a sensação foi estranha. Sei que fiz o certo para mim e para o meu feijãozinho. O meu pai e o meu avô nunca iriam aceitar, no mínimo seria expulsa de casa. Não sei como vai ser a partir de agora, fazer a faculdade e passar por tudo o que vou passar, vai ser difícil, mas tenho fé que tudo vai correr bem.

— MADALENA.— Ouço uma voz a gritar o meu nome, uma voz que me é bem conhecida. Ninguém pode saber para onde vou. Ele não podia ter vindo aqui. Viro-me e vejo-o ali a correr para mim, o que é que ele está aqui a fazer.— MADALENA, espera por favor temos que falar.

— Nós não temos mais nada para falar Diogo. Por favor deixa-me em paz.

— Por que é que vais para Lisboa? Estás a fugir? Tu já percebeste que sempre que algo te corre mal tu foges? Isso parece birra de criança.

— Olha que bom. Se eu faço birra de criança, então talvez seja melhor mesmo ficares com aquela outra. Talvez ela seja mais mulher para ti.

— Madalena, deixa-te de cenas...

— Cenas?! Cena foi o que eu vi. E foi com toda a certeza a pior cena que vi nos últimos anos.

— Estás com ciúmes?

— Ciúmes? Ciúmes...eu estou com raiva Diogo. Raiva de mim...de ti...

— Não aconteceu nada...

— Eu vi. Ninguém me contou. Eu vi a outra só com a tua camisa...e tu...tu de...- Ele ia tentar falar de novo, mas eu estou simplesmente cansada de tudo, só quero ir e viver a minha vida com o meu filho...o nosso filho.— Diogo, faz-me um favor esquece que eu existo.— Vou até ao dedo onde tenho o anel do sol para lhe devolver.

— Não, é teu. Podemos até ficar longe um do outro, mas por favor nunca te separes desse anel. Se me amas, e eu sei que sim mesmo estando magoada comigo neste momento, nunca o tires. Eu nunca vou tirar o meu, porque eu amo-te. Sempre e para sempre.

— Eu tenho que ir.— Ele dá-me um beijo na testa, e com lágrimas nos olhos começa a afastar-se...— Diogo...— porque raio é que ele tinha que cá vir...porque é que a minha vontade é atirar-me para os seus braços.— Eu...nós...

— Eu sei, eu também te amo. Lembra-te sempre disso. Somos como Pedro e Inês, separados fisicamente, mas ligados eternamente.– e assim ele vira-se e vai embora.  

Sigo o meu caminho para o comboio e com alguma ajuda de um outro passageiro coloco a minha mala para dentro do comboio. Nem sei como vou fazer o excesso de bagagem no avião, só espero que o dinheiro que tenho dê, para pagar tudo. Sento-me no meu lugar e quando pego no meu telemóvel sinto algo no bolso.

Uma carta!? Só pode ser coisa do Diogo. Nem sei se vou querer abrir, sinto que se o fizer naquele momento, vou com toda a certeza desistir de tudo e voltar para junto dele, e eu não posso fazer isso. Ele traiu-me, ele fez pior que o Ricardo. Não consigo perdoá-lo, não neste momento, quem sabe um dia esta mágoa passe.

Encosto-me à janela, olho para a paisagem que vai passando. As lembranças do meus momentos com o Diogo passam pela minha mente, os bons e os maus. As gargalhadas que demos quando estávamos juntos no nosso jardim. Os carinhos que trocámos. A nossa noite. A melhor noite da minha vida, a noite que me trouxe o meu feijãozinho.

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