Pov Madalena
"Porquê?
Porquê eu? Porquê de novo? Será Castigo? Castigo porque ela se foi?
Mãe! Eu não queria, juro que nunca quis que nada daquilo tivesse acontecido. Era para ser apenas uma noite romântica com quem achei me amava. Sinto tanto a tua falta, preciso tanto de ti...mas tu não estás aqui.
Preciso tanto do teu abraço, do teu carinho, de ouvir a tua voz a dizer "Não te preocupes minha princesa, vai ficar tudo bem. Eu estou ao teu lado, eu vou estar sempre aqui para ti.". Mas tu não estás, tu deixaste-me sozinha naquele hospital. Nada vai ficar bem, nada vai ser como era.
Por muito que eu recomece um novo episodio na minha vida, algo sempre me faz cair, nada é igual porque tu não estás aqui.
O pai? Abandonou-me. Tenho saudades do meu pai, daquele que me aconchegava no seu colo, mesmo eu já sendo pesada, apenas porque sim. Tenho saudades das nossas conversas, sobre os seus casos no tribunal. Ele sempre achou que seria eu a seguir os seus passos. Mas quando eu lhe disse ainda pequena que queria ser igual à minha mãe, ele apenas sorriu e disse-me "Vais ser ainda melhor que a tua mãe, minha princesa.".
O Pê virou me as costas, o olhar dele no tribunal era de ódio, desprezo. As minhas irmãs, não sei quando as poderei ver. Será que sentem falta a minha falta? Já devem estar enormes, na fase da adolescência, uma fase que tem tanto de linda como de difícil.
Tenho tantas perguntas sem resposta. Espero que a Mila as possa ajudar. Será que tenho mais irmãos? Será que algum dia irei conhecê-los? Será que algum dia os irei voltar a ver todos? A ver a minha família."
Já se passou um mês desde que tudo aconteceu. Estamos em casa da Mara,não consigo voltar para casa. Não depois do Rocco ter ido até lá ameacar-me.
Todos me tentam ajudar, mas eu só te quero a minha mãe. Só o seu abraço seria capaz de me salvar do fundo deste precipício em que me encontro. O Diogo, tem sido incansável. Nem sei como ele consegue continuar comigo. Estou danificada, estragada, quebrada.
No início não aguentava o toque de ninguém, nem dos meus dois tesouros, o que me quebrava mais ainda. Aos poucos fui tentando aguentar os beijos e os abraços do Lucas e da Luz. Não o fazer matava-me um pouco mais por dentro.
A minha sogra, que continuava em Espanha para ajudar o Diogo com os meninos, aos poucos conseguiu quebrar a minha barreira, e abraçá-la era como abraçar a minha mãe.
O meu amor, continua sem conseguir abraçar-me, sem me tocar. Sei que lhe custa horrores não o fazer, e confesso que tenho saudades do seu toque, mas é um sentimento ambíguo que sinto. Porque ao mesmo tempo que o quero, eu não o quero.
A Dona Dulce, o Sr. Rui, a Mara, o Martim, todos eles me tentam ajudar. Até a mama Consuelo e a Pilar me visitam, mas eu só quero estar sozinha. Sozinha com a minha dor, com a minha solidão.
Os meus filhos, têm sido a minha única alegria neste momento, contudo, olhar para os seus olhinhos tristes, por me verem neste estado, tem me afundado ainda mais.
Hoje consegui sair da cama. A minha pipoca convenceu-me a tomar um banho, segundo ela estava "...a cheirar que nem um sapato sem sola". Claro, que o banho foi a três: eu, a Luz e o meu bebé Lucas. Foram, talvez os melhores minutos deste que tudo aconteceu, até consegui sorrir. Rimos, conversamos e brincamos.
No final do banho, eles saíram primeiro para se vestirem, enquanto me fiquei a vestir. Quando saí encontrei o meu "namorido". Ele apenas sorria, olhando para mim.

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O Nosso Caminho
RomanceLivro 2 - Duologia "Caminho" 5 Anos...de um caminho incerto. Um tempo de alegrias e tristezas. fugi com uma única certeza: fazer de ti a menina mais feliz que eu pudesse. Mesmo não te podendo falar sobre o teu pai, ou da nossa família que ficou par...