Boyfriend

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Caroline.
Era manhã quando abri os olhos com o clarão do quarto, me lembro de ter fechado as cortinas ontem a noite. Tentei virar meu corpo e senti como se meu cérebro não estivesse encaixado em minha cabeça, tudo girava. Me virei encarando o teto, olhei ao redor e reparei a cabeleira negra jogada de costa para mim, em uma pequena poltrona onde nem cabia eu, imagina Dayane.

Me levantei vagarosamente e fui até ela. Sua maquiagem estava borrada, sua boca entreaberta e seu corpo completamente torto, isso me diz que ela tentou se ajeitar na poltrona a noite inteira. Toquei em seu rosto, me aproximando e sentindo seu perfume, doce. Estava usando as mesmas roupas, não me lembro se a convidei para ficar.

— É feio espiar. — disse com a voz rouca. Ainda de olhos fechados e boca ainda entreaberta. Me assustei.

— É feio fingir que está dormindo. — puxei minha mão que estava em seu rosto. Ela abriu os olhos, aqueles olhos... tão negros.

Ela me encarou por longos minutos, mas logo se sentou e começou a calçar suas botas. Ela estava se arrumando para ir embora.

— Eu te convidei para ficar? — perguntei com medo da resposta. Lembro das cervejas chegando e eu mandando ver, mas não lembro de nada com Dayane, apenas a dança desajeitada.

— Você ficou bem bêbada, fiquei com medo de te deixar aqui e você não ter alguém para te ajudar. Você está bem — perguntou agora me olhando nos olhos. Assenti. — Que bom que está bem. falou terminando de calçar a bota e agora dobrando uma manta antiga que usou para se aquecer, empurrou a poltrona de volta para o seu lugar e me encarou esperando algo.

— Você aceita uma xícara de café? Você merece depois de ontem... — meu peito se sacudia. Ela se importa comigo. Ela é tão doce e gentil.

Dayane me esperou sair do banheiro sentada em minha cama, olhando os porta-retratos e abrindo algumas gavetas. Sei disso porque podia ouvi-la. Curiosa feito uma jornalista. Descemos para tomar café e ela se ofereceu para fazer, pois não me viu colocando açúcar no mesmo.

— Muito amargo. — reclamou quando bebeu, lhe dei adoçante e ela aceitou como se ganhasse a melhor coisa do mundo.

— Dez dias comigo você larga o hábito de adoçar o café. Bem mais agradável. — falei bebendo o meu, sem dúvidas esse era meu momento favorito da manhã.

— Tenho paladar infantil. Isso é o que minha mãe diz né, eu gosto de dizer que sou "uma apreciadora de doces e comida de café da manhã". Muito mais agradável. — repetiu e eu ri. Dayane as vezes parecia uma criança falando certas coisas, mas era uma mulher muito madura e cheia de determinação.

— O que fizemos ontem? — perguntei e vi seu rosto corar. Fui direta, sem rodeios. Tenho um péssimo histórico com bebidas alcoólica. Não sou de beber, mas quando bebo acabo passando dos limites.

— Depois que dançamos você dormiu, desmaiou sei lá... então eu te trouxe, te coloquei na cama e fiquei aqui esperando. Olly pulou na bancada onde ela estava, foi recebido por um carinho nas orelhas.

Quis dizer algo, mas a campainha tocou. Pedi licença e fui atender. Ao abrir a porta me deparei com Peter, droga. Seus lábios tocaram os meus em um beijo rápido. Ao me virar vi Dayane no corredor, ela me olhava diferente. Estava com dúvida de algo? Ser professora é saber ler pessoas, Dayane não ficou feliz em ver isso. Peter passou por mim adentrando a casa e falando algo que não pude ouvir. Dayane veio em minha direção ainda com o mesmo olhar.

— Peter, esta é Dayane. Uma amiga. Dayane, este é Peter, meu... namorado. — a palavra, pela primeira vez, parou em minha garganta e me fez perder o fôlego. Namorado. Peter estendeu a mão e Dayane a apertou. Ela me olhou rápido, que droga... aquele olhar vazio.

Um Amor de Natal (Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora