Take a Trip

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Fazia algumas horas que estávamos todos conversando, a presença do ex namorado de Dayane não me incomodava tanto como deveria, mesmo que sua mãe falava a cada dez minutos sobre como Dayane precisava de alguém assim como ele e em como envelhecer sozinha era deprimente. Ele parecia um cara gentil, assim por dizer, bem educado e simpático. Trocou algumas palavras diretamente comigo, dizendo que deveria conhecer certos lugares da cidade e se certificou de que Dayane me levasse até lá a qualquer hora, também falamos sobre a nossas profissões e foi aí que tudo mudou.

— Estudou em Yale? Uau. Acredito que poderá me ensinar algumas coisas... — disse o pai de Day.

Por que isso mudou tudo? É o pai da mulher que eu estou loucamente apaixonada, é o homem que eu pedirei a benção para a minha união. É incrivelmente satisfatório o fato dele me admirar, de poder conversar com ele sobre investimento e sobre a filosofia da vida.

— Quando eu decidi que era um homem, um homem de verdade, peguei todo o dinheiro da herança que meu pai havia me deixado, decidi que a partir daquele momento eu sabia a direção que deveria seguir... — começou contando um pouco de sua história, todos estavam em silêncio o ouvindo — quando chegamos ao fim do poço, não é um final. Não acabou para nós. Tudo fica mais fácil. Você não descerá mais, há apenas uma direção... você pode erguer sua cabeça e subir até encontrar a luz ou continuar lá no escuro se lamentando, e se lamentar não é para mim. — um sorriso vitorioso saiu de seus lábios, ele havia saído dessa — Fui para França, viajei a Europa inteira, adquiri conhecimentos que muitos não tem. Hoje sou um novo homem, graças a um luto e a vontade de mudar. Não estou dizendo que "não muda quem não quer", mas que a esperança deve ser a última a morrer, tudo pode desmoronar mas a fé precisar estar intacta, a fé em nós mesmos. — concluiu satisfeito.

Perseverança, é isso que nos rege? Costumo acreditar que o "não" nós sempre vamos ter, mas devemos conquistar o "sim". Parece tolo e fácil dizer isso, mas na nossa vida nada vem fácil. É claro que alguns nascem com privilégios, mas em algum momento a vida irá cobrar algum esforço de cada deles.

Estava tudo bem até Senhora Limins começar a contar uma história da infância de Dayane, história essa que eu já havia ouvido algumas vezes, mas com alterações que até então eu não sabia que haviam sido feitas.

— Mason, desde criança, seguia Dayane para cá e para lá. Era fofo, era nítido o amor. — disse a mulher sorridente — Nunca vou me esquecer da vez em que Dayane pegou catapora quando fomos acampar. — começou Selma rindo com Amélia que parecia se lembrar nitidamente do rosto da irmã cheia de manchas avermelhadas.

— Oh, Dayane já me contou essa história... — falei feliz por finalmente poder participar de um assunto em que todos estavam incluídos.

— Então você deve saber como ela passou a catapora rapidinho para Mason. — e então meu semblante caiu, foi tão rápido que foi tarde quando Dayane tocou em minha mão com seu olhar de "por favor não me mate". — Ficaram lá, juntinhos os três dias todinhos, na cabana doentes... — e ela continuava com todos rindo.

— Que tal irmos ao banheiro? — perguntou e a mesa se silenciou, esperando que saíssemos.

— Não sei se quero perder outra parte da história... — falei afrontosa e a vi revirar os olhos.

Não vamos demorar. — e assim pedimos licença e fomos.

Passamos em frente a um punhado de pessoas esperando que suas mesas reservadas fossem liberadas, mais outras que estavam chegando com esperança que houvesse alguma mesa livre. Deve ser um tormento trabalhar em final de ano, lembro quando trabalhei em uma padaria para ajudar com as economias para a faculdade, nessa época do ano o que mais saía era baguetes e pães amanteigados, era um sufoco assar tudo a tempo. Chegou uma época que fiquei enjoada do cheiro de qualquer pão.

Um Amor de Natal (Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora