The Secretary

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Não seria novidade se eu dissesse que acordei com uma grande dor de cabeça, provavelmente acusada pelas tequilas que forcei minha garganta a aceitar. A minha dor de cabeça piorou quando olhei a barra de notificação do meu celular. Havia uma mensagem de Dayane as 4:30 da manhã, dizendo que havia chegado bem, exatamente isso: "cheguei, estou bem". Sem mais e nem menos que isso. O problema não era ela estar bem, mas sim o fato de que voltei para casa antes da meia noite, com a ideia de que ela veria checar se eu estava bem ou algo assim.

Foi quando eu lembrei de com quem ela estava, lembrei que ela ficou por horas apenas com seu ex, até o bar fechar. Aquilo me doeu, doeu de uma forma desesperadora de insegurança, me senti como se tivesse sido traída. Minha língua coçou para ir pergunta-lá o que fizeram durante horas sem a minha presença, ou a presença de Fred e Lexie. Ok que isso significaria que não confio nela sozinha com ninguém, mas diante as circunstâncias, nem ela mesmo se confia sozinha com ele.

Dayane sabe como ele a olha, até os mais estranhos para nós sabem, ele tem esperança e ela a alimenta. É como se fosse uma cápsula de segurança para seus pais, para ressaltar a ideia de que ela é completamente hétero e pode a qualquer momento voltar com seu incrível ex gentil e bonito. Não seria uma má ideia, eles se casariam e ela viveria em uma prisão onde teria que cuidar dos três filhos loiros que ele a daria, e depois disso Dayane nunca mais poderia ser quem era. Não por ele, mas sim pelas crianças que agora ela tivera.

O que você está pensando? — me repreendi mentalmente, abrindo os olhos e decidindo começar a me arrumar para o café da manhã.

Pensar em Dayane se casando e tendo qualquer coisa com alguém além de mim dói, mas dói muito. Isso só alimenta minha insegurança, mas infelizmente não posso repreender algo que meus olhos veem. Então meu celular tocou em cima da bancada do banheiro, cuspi a pasta de dente e atendi, era Bruno.

Olha quem quer te dar um oi. — falou apontando a câmera do celular para Olly.

Meu pequeno gatinho gordo, mal ele sabe que sua dona está passando por dias sombrios e que tudo que precisa para melhorar é dar um cheiro em seu barriguinha.

Olly? Mamãe está com saudade. — minha voz falhou, eu queria muito voltar para casa.

Se já está emotiva somente o vendo, não vai nem acreditar no que ele anda fazendo. — Bruno falou agora soltando a bolinha felpuda.

Pode ter certeza que deixar de me contar não vai diminuir a saudade que estou de vocês dois. — minha saudade era de tudo e todos, até do lençol prateado que coloquei em minha cama antes de sair de casa.

Ele anda arranhando a porta de seu quarto, as vezes chego e o ouço miar por horas esperando você abrir. — foi então que meus olhos foram tomados por uma maré se sentimentos — Sabia que não era para contar. — falou com aquele famoso tom preocupado.

Só quero ir para casa, Bruno. — falei chorosa, sentindo que se eu me enfiasse embaixo do chuveiro, iria chorar por mais três dias aqui.

Ela não parou de magoá-la ainda? — vi a bochecha pálida de Bruno ficar rosa, estava começando a ficar com raiva.

Não é isso, acho que estou muito insegura em relação a vida secreta dela aqui. — falei secando as lágrimas — É como se você tivesse que se esconder o tempo inteiro, um passe em falso todos vão odiar a pessoa que você mais ama, mais do que já te odeiam. — deitei na cama e fitei a mata densa que havia em frente a janela.

Eles não te odeiam. Eu sei que não, é impossível não te amar, Carol... eles apenas... — o cortei antes que ele pudesse pensar em algo melhor para me falar.

Um Amor de Natal (Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora