O acampamento

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-Carol, querida, está na hora de se levantar – tia Agatha passava a mão pelos cabelos da sobrinha delicadamente – Vamos te esperar lá embaixo. Não esqueça das roupas de trouxas.

A garota se levantou e olhou para o relógio, ainda era muito cedo e estava começando a amanhecer. Lavou o rosto com água gelada para despertar, escolheu uma saia xadrez vermelha com uma camiseta branca simples, e calçou seus tênis vermelhos, pegou sua bolsa onde tinha colocado algumas coisas para passar dois dias no acampamento e desceu.

-Como vamos para o jogo papai? – Bridgette perguntou. Ela estava vestida com um vestido amarelo com bolinhas brancas, e tinha feito duas tranças no cabelo.

-Vamos viajar por portal, porque vocês ainda não têm idade para aparatar – seu pai respondeu enquanto se servia de ovos – É um quilometro daqui, então vamos andando, e encontraremos Thomas Riley e a família lá.

Terminaram de comer e se apressaram para começarem a caminhada, depois de meia hora chegaram a um cume, onde encontram com os Riley, a família de Katherine, colega de quarto de Carol, ela a cumprimentou entusiasmada e apresentou o namorado português que estava passando um tempo na Inglaterra para justamente ir à final.

-Fico muito feliz de finalmente te conhecer Felipe, Katherine sempre fala muito de você – disse Carol em um português enrolado, ela estudou o idioma algum tempo atrás nas férias.

-Obrigada Caroline, Kat também fala muito de todas vocês. Consegue entender quando falo assim ou prefere mais devagar?

-Consegui entender, mas ainda estou muito enferrujada – Carol responde rindo e os dois a acompanham.

-Onde está o portal? – Natasha perguntou. Ela estava com uma camiseta branca e por cima um vestido preto de alças que iam até o joelho, e procurava no meio do entulho que tinha ali.

-Está olhando para ele – Henry respondeu apontando para uma garrafa de plástico retorcida.

-Tá brincando não está? – Nat olha desconfiada para o pai.

-Não, ele não está. Chaves de portais são objetos comuns e insignificantes para os trouxas, assim não tem o perigo deles pegarem algum sem querer – respondeu tia Agatha para a filha.

-E ele vai partir em 1 minuto, rápido coloquem as mãos nela! – o Sr. Riley falou, e levantou a garrafa para que todos a pegassem. Caroline tinha viajado uma vez por portal quando criança, mas tinha esquecido da sensação de que seu umbigo era puxado por um gancho, tudo fora muito rápido e seus pés deixaram o chão; ao seu lado estavam Roger e Natasha, com os ombros se tocando rodopiando em meio ao vento e uma confusão de cores. Ela caiu com tudo no chão, colidindo com Roger, que tinha batido a cabeça com Natasha, do outro lado Bridgette também tinha caído, e o restante estava de pé.

-4 e 8 chegando do Kent – anunciou uma voz.

Caroline se desvencilhou de Roger e se levantou. Tinham chegado, pelo o que parecia, a um trecho deserto de uma charneca imersa em névoa. Diante deles havia dois bruxos cansados, com cara de rabugentos, um dos quais segurava um grande relógio de outro, e o outro, um grosso rolo de pergaminho e uma pena. Ambos estavam vestidos como trouxas, embora sem muita habilidade; o homem do relógio usava um terno de tweed com botas de borracha até as coxas; o colega, um saiote escocês e um poncho.

-Bom dia, Basílio – Henry, vestido com uma camisa de botões e calça jeans cumprimentou o bruxo do saiote, o entregando a garrafa, que a jogou em uma caixa com outras chaves de portal usadas, Carol viu, entre elas, um jornal velho, latas de bebidas vazias e uma bola de futebol furada.

O começo e o adeus - A garota corvinal, livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora