Tudo será diferente

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-Acho melhor você ir ver o que o seu namorado quer – Chloe falou se aproximando do lugar onde Carol estava sentada, olhando melancólica para a janela.

-O que? – ela perguntou, não andava muito atenta nos últimos dois dias.

Depois da conversa que teve com Harry, Carol se isolou dos demais, ficava o tempo todo na sala comunal fingindo que estava lendo, ou sentada na janela olhando a paisagem do lago lá fora, Chloe passou a levar suas refeições, mesmo que ela não comesse quase nada. Não sentia fome, não sentia nada além de um vazio absurdo no peito que só tinha aumentado com as informações que obteve de Harry.

De alguma forma pensar que Cedrico poderia ter morrido por falha do Ministério na preparação da tarefa era mais reconfortante do que pensar que ele tinha sido morto por estar simplesmente no lugar errado na hora errada, que se as coisas fossem diferentes, ele poderia ainda estar vivo, comemorando a sua participação no torneio, feliz independente do resultado, se formando, dando adeus à Hogwarts e olá para a vida adulta, ele estava tão animado para tudo isso. E agora ele não passava de uma lembrança.

-Carol, você me ouviu? – Chloe estalou os dedos na frente da amiga, e Caroline piscou, saindo de seus pensamentos.

-Não, desculpe, ando muito distraída ultimamente...

-Jorge está plantado na frente da porta da nossa sala comunal, disse que quer falar com você, e acho melhor você ir porque ele parece bem preocupado – Chloe repetiu o que tinha dito e saiu, subindo as escadas para o dormitório para terminar de arrumar a mala.

Caroline se levantou e foi até a porta.

Quando a abriu viu Jorge sentado em um dos degraus, com os cotovelos apoiados nos joelhos, e ela se sentou ao seu lado silenciosamente.

-Oi – disse com a voz baixa e rouca.

-Oi – ele respondeu com um sorriso – Queria saber como você está.

-Eu sei, me desculpa por ter sumido, só precisava ficar sozinha... – Carol explicou, brincando com o pingente que Harry lhe entregou, que estava preso agora à uma pulseira de couro de Carol, sentindo as lágrimas se formarem nos olhos – É só que, não consigo entender como que ele se foi entende? Ele era tão novo, tinha uma vida pela frente, tinha sonhos, planos, e agora tudo desaparece assim tão rápido, como que alguém pode estar vivo e feliz e em poucas horas aparecer morto?! Isso é injusto!

Caroline enterrou o rosto nas mãos e começou a chorar, já não conseguindo mais segurar as lágrimas, que agora molhavam seu rosto. Jorge a puxou para perto dele, a abraçando.

-Me desculpe, não deve ser fácil me ver chorando pelo meu ex... – ela disse depois de se acalmar um pouco, deitada no peito de Jorge, mas ainda com a voz chorosa.

-Não precisa pedir desculpa, Lizzy – o namorado respondeu fazendo carinho em seu cabelo, dando um suspiro – Eu entendo que Cedrico foi antes de tudo um grande amigo para você, além de a morte dele ter sido uma perda para todos nós, pessoas como ele, genuinamente boas, são difíceis de achar.

Ficaram um bom tempo sentados na escada, em silêncio, enquanto o choro de Caroline cessou. Quando Jorge olha para uma das janelas da torre e vê que já é de noite, e se mexe, fazendo com que Carol se separasse dele.

-Vou te levar para um lugar, vem – ele disse se levantando e estendendo a mão para ela, que aceitou.

Os dois caminham até a torre de astronomia ao lado, a sala estava completamente vazia e silenciosa, mas o teto estava aberto, revelando a noite estrelada e havia um cobertor no chão com algumas almofadas, e em volta havia várias velas aromáticas. Caroline virou para o namorado e sorriu, era claro que ele tinha planejado alguma coisa.

O começo e o adeus - A garota corvinal, livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora