A manhã que começou preguiçosa lentamente foi pegando ritmo. Quando ambos Sadie e Anúbis estavam prontos o suficiente para tornar aquele dia ao menos minimamente útil, eles foram para a escadaria que levava até a biblioteca. A pilastra ao redor da qual a escadaria rodava até chegar na biblioteca era cheia de nichos com estatuetas de vários dos deuses egípcios mais importantes. Talvez por querer ficar mais perto do conhecimento contido nos livros, a estatueta de Thoth era a última, ficava logo na entrada da biblioteca.
Eles pegaram a estátua de Thoth e, desviando dos aprendizes que corriam escada abaixo prontos para aproveitar o que o final de semana londrino tinha a oferecer mesmo que debaixo de um céu cinzento, o casal foi de volta para o próprio quarto.Como se impelida por um imã, a primeira coisa que Sadie fez foi sentar-se na cama. Seus pés inchados imploravam por ficar sentada um pouco.
- Acha que tem chances de ele não atender? - perguntou Sadie enquanto Anúbis colocava a estátua de Thoth no chão e posicionava uma vela de incenso à direita e à esquerda dela.
- Tem. - respondeu Anúbis com um suspiro.
- Pensamento positivo então? - perguntou Sadie sem muita confiança.
- Pensamento positivo. - concordou ele.
Não foi preciso mais do que um estalar de dedos por parte de Anúbis para as velas de incenso se acenderem. A parte mais difícil agora era invocar Thoth e torcer para ele aparecer. Antes de começar, Anúbis certificou-se mentalmente que ainda lembrava dos títulos de Thoth e palavras usadas no ritual de invocação deste e então começou.
- Da magia e sabedoria lunar, - começou Anúbis em egípcio antigo - ó deus da escrita, do equilíbrio e do balanço. Aquele que é como o Íbis, Senhor de Ma'at, Senhor das Palavras Divinas, Escriba de Ma'at na Companhia dos Deuses. Nascido dos lábios de Rá, chamo-te, deus da sabedoria, Thoth.
Foi necessário esperar um ou dois segundos mas, eventualmente, a pequena estátua de Thoth começou a brilhar com uma luz dourada que passava uma sensação gostosa de pureza e poder. Uma luz digna dos deuses que logo se apagou e se concentrou em brilhar apenas nos olhos da estátua com cabeça de Íbis, um pássaro com um longo e fino bico.
- Sabia que ia acabar entrando em contato eventualmente. - foi a primeira coisa que a estátua de Thoth disse com a voz do deus abrindo a boca tal como se fosse o deus de verdade, só que em miniatura, e não uma estátua de provavelmente centenas de anos e estrutura frágil.
- Por acaso você já imaginar isso tem a ver com o fato de terem mandado um mensageiro super nada confiável? - perguntou Sadie.
- É... - disse Thoth dando de ombros - Não tivemos tantas opções, sabe? Ísis e Hathor estão extremamente ocupadas tentando convencer Hórus a fazer algumas coisas e não fazer outras. Osíris não pode sair do Salão do Julgamento, como bem sabem. E basicamente se qualquer um de nós fosse, Hórus ia dar um piti, algo que ninguém quer nem pode controlar. Mas se for Seth... bem... os dois já nunca se deram bem e se odeiam mesmo. Não seria muita novidade os dois começarem a brigar. Está tudo muito frágil para a gente começar a brigar entre si.
- Frágil em que sentido? - perguntou Anúbis curioso - Tem algo mais acontecendo além do que a gente já sabe?
- Sim e não. - admitiu Thoth - É meio que consequência de tudo... o fato de alguns deuses de outros panteões estarem atrás de vocês mostra que a gente deveria se preocupar com eles. Obviamente uma guerra de panteões não é desejável mas... por mas que Hórus não concorde também em vocês terem esse bebê, não tem como negar que estamos entrando num problema de "mexeu com um de nós, mexeu com todos nós".
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O amor abençoado pelo Nilo
FanfictionAnúbis, o deus egípcio da morte da mumificação, já há alguns anos se apaixonou por uma mortal chamada Sadie. Depois vários perigos e desafios que ela se meteu, muita coisa mudou. Quando eles se conheceram, Sadie só tinha 12 anos mas o tempo passou...