Conexões divinas

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A mente de Sadie passeava pelas dezenas de possibilidades ao olhar as fotos que Percy havia mandado de seu filho recém nascido. A mente dela estava tão focada naquilo que ela não notou o olhar zeloso de Anúbis sobre ela quando ela levou a mão até a barriga que nada tinha de interessante dentro. O olhar de Anúbis só parou de fitar a garota quando ele foi rapidamente para o relógio do próprio celular e notou que ainda era bem cedo.

— Estava com problemas para dormir? - perguntou ele.

A pergunta dele fez ela sair do mundo da imaginação. Os olhos dela foram da tela do celular para os olhos dele e Sadie afirmou brevemente com a cabeça soltando também um pesado suspiro.

— As coisas que Hórus mostrou ainda não saem de minha cabeça e me preocupo com o que pode acontecer se eu dormir de novo - disse Sadie.

— Desculpe... - disse Anúbis se sentindo culpado já que as cenas eram de fatos de sua própria história.

— Não tem nada com o que se desculpar - disse Sadie negando com a cabeça e deitando na cama ainda com o celular nas mãos - Mais alguns minutos e o sol nasce mesmo... E é final de semana. Finalmente! Tiro a noite perdida depois. Pode voltar à dormir.

Anúbis negou com a cabeça já que o sono tinha ido completamente embora. Dormir era uma das coisas que tinha levado um tempo para se acostumar depois que tinha desistido da própria imortalidade. Não era como se não precisasse dormir quando ainda era imortal. Mas precisava dormir bem menos então estranhava todo esse cansaço que os humanos tinham. No começo, se sentia até um bebê que precisava de tantas horas de sono.

Sem sono, Anúbis saiu da cama e o movimento foi seguido pelos olhos indagadores de Sadie. Ela primeiramente achou que ele iria no banheiro mas logo notou que isso não era o caso ao ver que ele ía para a porta do quarto.

— Para onde vai? - perguntou Sadie curiosa.

— Tentar descobrir mais sobre o que Hórus anda fazendo - disse ele.

— Como? Tome cuidado com o que vai fazer - disse ela preocupada sentando-se na beira da cama.

— Não se preocupe. Vou praticamente só fazer uma ligação - disse ele com um sorriso tranquilizador - E aproveitar e resolver isso e mais uma coisa.

— Ligação? - disse ela perdida.

— É... bem... tá... mais certo seria chamar de prece mas a ideia vai ser mais como uma ligação. Não precisa sair daqui. Tente tirar um cochilo. Volto logo.

— Ei... me explique com quem vai falar antes! - disse ela pouco antes de ele sair dali.

— Tawaret - respondeu ele sumindo pelo corredor.

Sadie corou loucamente ao ouvir o nome da deusa e um sorriso tímido apareceu em seu rosto. Conhecia bem a deusa hipopótamo, deusa da fertilidade, maternidade e também da proteção. A simples menção do nome dela deu todo o significado de "mais uma coisa" que Anúbis havia dito devido às coisas que a deusa representava.

Anúbis saiu do quarto silenciosamente e, já que não queria acordar ninguém, achou que seria mais do que justo que se transportasse como névoa de um lugar para o outro. Normalmente evitava fazer isso porque sabia que tinha chances muito grande de assustar os outros aparecendo do nada. Mas como a casa inteira estava dormindo, não tinha problema. Primeiro ele foi na cozinha onde pegou algumas frutas diversas e botou dentro de uma vasilha. Em seguida, ainda na cozinha, abriu uma das gavetas e pegou dois pacotinhos de incenso. Seu destino seguinte foi a biblioteca. A biblioteca era enorme e se estendia por vários andares subterrâneos com várias fileiras de livros e papiros meticulosamente organizados nas estantes. Ao contrário das escadas do resto da casa, as escadas na biblioteca eram uma espiral para economizar espaço. A escada em espiral girava ao redor de uma pilastra com nichos, cada nicho tinha uma estátua de dois palmos de algum deus. Ele foi descendo a escada, passou pela estátua de seu avô, de seu pai, a dele (o que Sadie dizia que era meio estranho mas ele já tinha se acostumado) e então parou na de Tawaret e pegou-a.

O amor abençoado pelo NiloOnde histórias criam vida. Descubra agora