Sendo curtas e diretas com deuses

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O bracelete estava bem diante de Sadie e a vontade de simplesmente o pegar ardia em seu peito enquanto olhava para aquela família egípcia que com certeza dezenas de arqueólogos se digladiaram para ver como viviam. Apesar de suas vontades de pegar o bracelete para proteger a filha, aquilo era uma mera memória. Não tinha muito que ela podia fazer além de sentir a energia pura e crua que ele irradiava de forma discreta.

Mesmo assim, ela estendeu a mão e, tal como esperado, o toque dela simplesmente atravessou o pulso do pequeno Imhotep como se ela fosse um mero fantasma. Conseguiria mesmo replicar a magia feita naquele bracelete? Sinceramente duvidava. Ali pertinho dele sentia como ali tinha algo muito além de suas capacidades mágicas.

Mesmo que tudo não passasse de uma memória, ela tentou proferir um encantamento para ao menos entender um pouco mais da magia que adornava a peça dourada. Para espanto de Sadie, o bracelete brilhou levemente com uma luz pura e branca. Não era o que Sadie esperava, mas era alguma coisa. Sentindo aquilo ela soube com mais certeza ainda que a magia que havia ali era pura, antiga, primordial... poucos deuses provavelmente seriam capazes de algo do tipo.

Todavia, eles conseguiram ao menos sentia um pouco do que consistia toda a magia que envolvia o bracelete. O fato de ser tão crua e profunda deixava quase impossível sentir cada detalhe. Sadie contava do fundo do coração que o pouquinho que conseguia distinguir ali fosse suficiente para, com mais algum esforço, pesquisa e empenho, fazer ao menos uma réplica que, embora não perfeita, fosse boa o suficiente.

-Tem muita mágica aqui... muita mesmo... - comentou Sadie.

Enquanto isso, fora das memórias e no mundo real onde a chuva começava a molhar as ruas de Londres e bater contra o vidro do quarto de Sadie e Anúbis, a fala dela foi replicada na forma de um simples murmurar tal como o de quem fala dormindo.

-Tem muita mágica aqui... muita mesmo... - murmurrou Sadie em meio a magia.

Dormindo nos braços de Anúbis, era como se ela estivesse num sono profundo e mágico. A camada dourada de magia que havia envolvido os corpos dos dois quando a magia foi invocada no começo ainda estava lá mas começava a mostrar sinais de desgaste. Sinais de desgaste esses que combinavam com o olhar de cansado que começava a surgir em Anúbis também e que forçaram Bastet a ajudar um pouco ao compartilhar um pouco de magia.

- Você não parece muito bem mesmo... - comentou Bastet não com seu tom zombeteiro e irritante de sempre, mas realmente preocupada - Mortalidade tem mesmo seus vários lados ruins eim?

Anúbis não respondeu. Apenas continuou a voltar toda a sua concentração para a magia para que não acontecesse nada com Sadie e para que pudessem descobrir o máximo possível sobre o bracelete que poderia fazer tanta diferença para eles. Mesmo conforme ele foi ficando lentamente mais pálido do que já era normalmente, ele continuou lá. Não era de jeito nenhum uma magia simples. Eram centenas e centenas de anos de memórias que estavam guardadas em sua mente e mais fragmentos de memórias de Imhotep, que vivera a alguns milhares de anos, sendo resgatadas na marra.

- Não vamos conseguir replicar a magia nesse bracelete... não completamente ao menos... - murmurrou Sadie de olhos fechados completamente inserida na memória - ... podemos tentar mas...

- Acho que... - disse Anúbis fechando os olhos para se concentrar mais nas memórias que aconteciam ao invés de no mundo exterior - ... não dá mesmo para sentir nenhum sinal de quem fez essa magia.

- Acha que se formos até o nascimento dele conseguimos descobrir algo? - perguntou Sadie - Encontrar o ponto que ele perdeu vai ser muito complicado.

-Algo tipo o que? - perguntou Anúbis.

-Vai que Ptah entregou o bracelete junto com quem o fez ou mencionou algo? - sugeriu Sadie - Não custa nada tentar.

O amor abençoado pelo NiloOnde histórias criam vida. Descubra agora