Um presente em Santorini

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Ninguém pode parar o relógio. O tempo passa e faz com que inverno vire primavera, bebês virem crianças e lagartas virem borboletas. Assim, o tempo também passou para Sadie Kane. Antes, a jovem de cabelos loiros e olhos azuis que adorava inovar nas cores das mechas de seus cabelos, era apenas uma garota de 12 anos que morava em Londres com os avós desde que sua mãe tinha morrido. Desde então, descobriu que era descendente de faraós egípcios e isso fez com que ela aprendesse magias e encontrasse vários problemas e desafios para encarar junto com seu irmão mais velho, Carter. Nesses problemas que enfrentava, ela conheceu vários deuses egípcios como Thoth, Hórus e Ísis. No entanto, aquele que mais havia chamado a atenção da garota fora Anúbis. O deus egípcio dos mortos e da mumificação era conhecido na mitologia por sua cabeça de chacal. A verdade, entretanto, era mais bonita. Sim, Anúbis tinha uma forma com cabeça de chacal e também uma forma como um esbelto chacal de pelagem preta, mas a que mais ele ficava, era de um adolescente de cabelos negros rebeldes, pele pálida, olhos gentis e solitários da cor de chocolate e um sorriso que fazia Sadie derreter.

Foi com um pedido de Anúbis para que Sadie o atualizasse quanto os "modernos rituais de conquista e namoro" que eles foram criando algo a mais entre eles. Ele, por várias vezes, ajudava mais do que um deus deveria nos problemas que a garota enfrentava e, às vezes, divulgava para ela informações cruciais, mas secretas, que deixavam ele em problemas com Hórus.

Por mais solícito e prestativo que Anúbis tentasse ser, por mais que ele tivesse dado o primeiro beijo de Sadie quando ela tinha 13 anos, Anúbis tinha um problema que o impedia de ficar com Sadie. Vários problemas na verdade. Primeiramente, Anúbis só podia aparecer em lugares de morte ou pesar já que, na teoria, era como se ele não tivesse corpo. Outro, Anúbis era imortal. Embora sua aparência e mentalidade estivessem presas aos 17 anos, não importa quantos anos se passasse, ele assim permaneceria. Prova disso, era que ele era um adolescente à no mínimo 5 mil anos. Esse primeiro problema foi resolvido quando um triângulo amoroso surgiu. Sadie começou a gostar de um humano chamado Walt. Walt, no entanto, estava amaldiçoado e tal maldição diminuía muito seu tempo de vida. Para manter Walt vivo, Anúbis possuiu o corpo de Walt. Dessa forma, Walt podia viver e Anúbis podia estar em outros lugares. Por mais que esse tipo de relação, estranha talvez, parecesse ser a solução que os três encontraram, ela não durou muito. Depois de um tempo, quando Sadie estava com 15 anos, diversos problemas aconteceram e, como consequência, Walt perdeu a vida e Anúbis se viu mais uma vez sem ter um corpo onde habitar.

Para alegria do casal, esse enorme problema que custou a vida de Walt também forneceu um meio para que eles pudessem conviver juntos e, foi assim que Anúbis conseguiu virar mortal, mas mantendo ainda boa parte de seus poderes de deus.

Desde então, os ponteiros do relógio andaram e as páginas do calendário passaram. Sadie não era mais aquela garota de 15 anos e, pela primeira vez desde bem antes da construção das pirâmides de Gizé, Anúbis tinha envelhecido. Ela já era uma linda moça de 24 anos enquanto ele se tornou um belo rapaz de 25 anos.

Sadie não tinha mudado muito desde quando era adolescente. Seus cabelos loiros ainda caíam pelas suas costas com algumas mechas coloridas. Seu sorriso ainda era arteiro e seus olhos azuis como o céu. Entre a adolescência e a maioridade, Sadie também fez mais três furos na orelha direita e uma tatuagem pequena na altura da nuca. Algo que também não mudou foi o coturno que tanto ela quanto Anúbis tinham o costume de usar como se fosse planejado embora não passasse de uma coincidência. Anúbis também não mudara muito desde de sua adolescência milenar. Seu gosto por roupas pretas permaneceu intacto e, como um sinal da passagem do tempo, ele facilmente poderia deixar a barba completa crescer caso quisesse, o que dificilmente era o caso. Pois ele ainda preferia a tirar por completo. Provavelmente um resquício de costume do antigo Egito no qual barbas não eram tão bem aceitas.

O amor abençoado pelo NiloOnde histórias criam vida. Descubra agora