Explicações são necessárias

139 6 20
                                    


O corpo de Sadie estava pegajoso com suor quando Anúbis gentilmente tocou seu ombro. A garota se sobressaltou, não havia notado que ele estava gentilmente chamando o seu nome até então.

— Sadie? Tá tudo bem? - perguntou Anúbis delicadamente enquanto ela olhava para ele parecendo que tinha visto um fantasma.

— S-Sim... - disse ela se levantando lentamente se soltando delicadamente do toque do noivo e se sentando na beirada da cama - Foi... só um pesadelo.

Anúbis parou um pouco diante daquela informação. Observava as reações dela com calma enquanto se aproximava e sentou-se ao seu lado.

— Pesadelo mágico ou pesadelo normal? - perguntou ele sabendo muito bem que não era muito incomum magos terem pesadelos mágicos.

Ela abriu a boca para falar uma vez, duas. Mas nenhum som saiu de sua boca. Ela suspirou fundo fitando suas mãos sobre suas coxas lembrando de cada cena sangrenta do que vira. Seu estômago se embrulhou ao lembrar daquelas coisas. Sadie não conseguia olhar para ele. Não ainda. Ele apenas a fitou. Dando a ela o tempo que ela precisava para organizar a cabeça, mas era difícil controlar seu coração preocupado.

Depois de uns segundos, ela voltou a olhar para ele. Não havia aquele ódio e frieza que vira no sonho no olhar de Anúbis. Não. Ali estava o Anúbis que ela conhecia com o olhar cheio de amor e preocupação.

— Eu preciso de um tempo... - disse Sadie ao se levantar da cama.

Anúbis seguiu com o olhar ela entrar no banheiro e então se trocar lá dentro. O olhar dele foi para o relógio que marcava duas horas da manhã quando o barulho do chuveiro ligou. Anúbis respirou fundo perguntando-se o que teria acontecido. Ele se levantou da cama e fitou um pouco a noite de Londres antes de voltar à se sentar na cama.

Sadie deixava a água escorrer pelo corpo e apenas ficava ali embaixo do chuveiro deixando os pensamentos voarem. Sabia bem qual era a intenção de Hórus ao mostrar aquelas cenas para ela. Fazer ela desistir de Anúbis ao ver partes do passado dele que ele provavelmente não gostaria que ela visse. Contudo, será que Hórus contava que ela tinha consciência de algumas delas? Em uma conversa anos atrás, Anúbis tinha mencionado que a primeira vez que matou uma pessoa foi na tenra idade de 5 anos e que isso havia sido um acidente iniciado por um momento de fúria quando um adolescente maltratava um filhote de chacal tacando pedra nele. E, a pequena criança, ainda alheia a existência e abrangência de seus poderes, simplesmente viu o adolescente desaparecendo e morrendo diante de si antes de ter consciência que fora ela quem fez isso.

Ela não tinha muita noção ainda de onde e como encaixar as outras cenas. Talvez apenas a da Batalha de Kadesh. Não era estranho se esperar que ele tivesse ido para algumas guerras. Quando fechou o chuveiro, disse a si mesma que não deixaria Hórus atrapalhar seu relacionamento daquele jeito.

Ela se secou, se vestiu e, quando ela abriu a porta do banheiro, encontrou Anúbis sentado na cama virado para a porta do banheiro. Ele levantou a cabeça olhando para ela e foi logo perguntando:

— Está tudo bem? - perguntou ele.

Ela via no olhar dele que ele estava se coçando para saber se ela estava bem. Lentamente, Sadie sentou-se ao lado dele e resolveu que era hora de conversar.

— Um pouco melhor... - disse ela soltando um pesado suspiro.

— Foi tão ruim assim? O pesadelo... - perguntou ele.

— Foi - disse ela pegando na mão dele e apertando a mão tão pálida dele entre suas duas mãos - E, respondendo sua pergunta de antes, foi um pesadelo do tipo mágico.

O amor abençoado pelo NiloOnde histórias criam vida. Descubra agora