trinta e dois

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CAPÍTULO 32

Eu não sabia quanto tempo havia dormido, mas sabia que me sentia com uma dor de cabeça cem vezes pior do que a de ressaca quando acordei.

Ela doía em todas as partes possíveis, mas não era apenas aquilo. Meu corpo parecia ter sido quebrado em milhões de cacos e colado de volta. Minha mente rodava atrás dos acontecimentos prévios e eu não desejei acordar quando me lembrei.

Abrir os olhos nunca foi tão difícil, mas eu fiz isso apenas para encontrar minha mãe sentada na borda da minha cama, alisando o cobertor como se fosse o passatempo mais divertido do mundo. Quando eu me mexi, seus olhos se voltaram para mim.

- Ah, eu estou tão feliz que acordou, Lydia.

Não respondi nada. Ainda estava muito desnorteada. Nunca havia me sentido tão sozinha e quebrada na vida quanto naquele exato momento.

Meu quarto, que sempre foi o meu refúgio, parecia frio. Algo que foi sugado de mim pela minha família.

- Anna - cumprimentei quando a voz saiu.

- Como está se sentindo, meu amor? - perguntou, soando preocupada demais e cautelosa demais. Tudo demais.

Não conseguia mover nenhum músculo do meu rosto numa expressão de desdém, então permaneci a encarando do mesmo jeito. Com indiferença.

Ela não parecia a minha mãe. Eles não pareciam mais a minha família.

- Igual bosta.

Minha mãe sorriu tristemente e eu percebi que havia algo errado. Se ela estivesse normal, falaria para eu me atentar ao linguajar.

- Ele me bateu - recordei.

- Sim.

- Por quê? - as palavras saíram fracas, mesmo quando eu tentei fazê-las ter alguma potência.

Minha mãe ficou em silêncio por um momento, alisando o cobertor da cama e suspirando.

- Já faz um tempo que seu pai está de saco cheio desse seu comportamento, Lydia.

- Isso não... isso não justifica - sussurrei porque não conseguia elevar a voz. Doía muito. Sentia a minha voz falhando como se eu fosse desabar ali mesmo. Não queria que isso acontecesse.

Ela assentiu e depois deu outro sorriso triste.

- Eu sei, filha. Mas você conhece o seu pai.

- Conheço?

- Sim e ele te conhece - afirmou. - Ele está tendo problemas no trabalho, Lydia. Por isso, precisamos ao máximo permanecer bem com os tabloides. Se souberem de qualquer deslize... podemos perder tudo.

Eu não estava acreditando no que estava ouvindo.

- Então, ele me bateu porque não queria cometer nenhum deslize? Isso não faz sentido.

- Ele fez isso porque te quer na linha novamente, Lydia - explicou com um suspiro irritado. - Você está saindo do controle.

Isso não era justificava. Não podia ser.

Senti as lágrimas encherem meus olhos que não as despejariam. Então, desviei seu olhar porque ele parecia me machucar mais do que qualquer hematoma.

- Ele me bateu, mãe - minha voz soava estupidamente frágil. - E você não fez nada. Que tipo de mãe faz isso?

A mãe de Cole, pensei quase imediatamente, fazendo meus olhos arderem tanto e eu queria despejar lágrimas, mas não conseguia. Eu nunca conseguia.

- Eu sinto muito, Lydia - sua voz parecia arrependida. - Nunca quis que isso acontecesse... foi rápido demais.

Só FingindoOnde histórias criam vida. Descubra agora