quarenta e cinco

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CAPÍTULO 45

Nem nos meus piores pesadelos eu achei que estaria na situação que me encontrava naquele momento: na frente da cadeia.

Nunca pensei que ouviria sair da boca do meu namorado as palavras "eu estou preso".

Depois que falei para Stacey e Brooke o que estava acontecendo, elas me entenderam na hora e voltamos para cidade para que eu fosse ver Sawyer. Ele disse que eu precisava ir lá falar com ele pessoalmente, mas ainda sentia que não estava processando as coisas direito.

Ele não me disse o que aconteceu nem por que foi preso. Ele não me disse mais nada, me deixando com essa enorme agonia no peito de não saber o que estava me metendo.

Com quem eu estava me metendo.

Na viagem de volta para casa, só conseguia pensar em todas as vezes que meu pai me alertou sobre pessoas como ele. Que eram perigosas e iam para cadeia. E eu amava Cole com todo o meu coração, mas ainda havia um fio de racionalidade que passava na minha mente me alertando sobre como ele deveria ter feito algo muito fodido para estar na cadeia. Na cadeia, pelo amor de Deus. Não era mais uma brincadeira. Era algo sério. De verdade.

Ele não tinha me contado o motivo e eu tive que ficar a viagem inteira especulando sobre o que diabos tinha acontecido. E não era só sobre isso. Ele nunca me contava nada. Cole costumava dizer que segredos faziam um relacionamento mais interessante mas eu nunca discordei tanto com algo quanto naquele momento, porque meus olhos enchiam de lágrimas só de pensar em todas as coisas que ele escondia de mim.

Eu havia me aberto a ele. Havia contado segredos, o deixado entrar na minha vida e, principalmente, me deixei o amar depois de ter sido tão ferida por Jason. Eu deixei que ele se infiltrasse completa e totalmente na minha vida e, ainda assim, eu não sabia nada da porra da vida dele.

E eu descobri isso quando cheguei na delegacia e perguntei sobre Cole Sawyer.

E o policial me disse que ele havia sido preso por tráfico de drogas.

- Desculpa, o quê?! - indaguei, piscando algumas vezes. - Não, isso não é possível.

- Ele foi preso hoje de manhã - falou o policial. - Uma denúncia anônima.

- Deve ter sido um engano... - comecei, mas não tinha mais como terminar aquela frase porque minha cabeça latejava.

O policial me olhou com um misto de tédio e tristeza pela minha expressão de desespero.

- Senhorita, sinto muito informar, mas encontramos as drogas em seu carro.

Meu mundo parecia ter desabado ali mesmo, enquanto minha mente voltava para todos os momentos em que passamos naquele carro e em como nada daquilo parecia ser real.

O carro em que começamos a brincadeira das músicas pela primeira vez, que transamos no capô e que ele batizou de Lydia. Ele estava com drogas lá dentro o tempo todo?

Aquilo parecia um pesadelo. Fechei os meus olhos com força para ver se acordava logo e tudo passava. Mas, quando abri novamente os olhos, estava na mesma delegacia imunda e opaca, com o mesmo policial entediado me olhando e com lágrimas nos olhos fazendo tudo ficar meio turvo.

- Você tem direito a uma visita - avisou e eu assenti lentamente com a cabeça.

O policial me levou pelo caminho que me deixaria numa salinha pequena, igual vemos em filmes, com apenas uma mesa de metal no centro e duas cadeiras. A sala estava gelada e eu me abracei num instinto de não começar a chorar com aquela situação ali mesmo. Sentei na cadeira e esperei.

Só FingindoOnde histórias criam vida. Descubra agora