trinta e seis

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ATENÇÃO: esse capítulo contém menções a relacionamentos abusivos/violência doméstica, podendo desencadear gatilhos.

CAPÍTULO 36

Eu sempre via relatos na internet ou em filmes sobre relacionamentos abusivos, mas nunca pensei que iria presenciar alguém tão importante para mim passando por algo assim.

Sugar se tornou tão necessária na minha vida quanto Cole. Eu gostava dela, gostava muito. E meu coração estava se despedaçando lentamente só de pensar o quanto ela estava sofrendo.

Eu odiava isso. Odiava que, não só ela, mas varias pessoas importantes para mim estavam sofrendo tanto. Cole com o seu pai e Caroline também. Sugar com esse novo namorado. Aquilo estava errado. Pessoas boas não deveriam passar por aquelas coisas.

Felizmente, Sugar era uma das pessoas mais fortes que eu já conheci.

Logo após chegarmos na delegacia, ela decidiu ir sozinha e com determinação prestar a queixa. Além disso, falou para nós no caminho que já havia largado o cara. Aquilo aliviou um pouco, mas eu continuava totalmente desesperada. Só queria que tudo desse certo.

E que esse filho da puta que eu nem conhecia fosse para cadeia.

Sentei ao lado de Jackson na recepção, que parecia ainda mais nervoso do que eu. Sawyer, por outro lado, andava de um lado para o outro sem parar. Isso estava só me deixando mais aflita.

- Você não quer se sentar? - perguntei. - Ela vai demorar um pouco.

- Me desculpa, mas eu não consigo - murmurou, continuando a andar para lá e para cá.

Troquei um olhar com Jackson. Cole estava muito ansioso. Não era normal.

Me levantei e fui até ele, tocando em seu ombro, que parecia tremer. Ele parou de andar e me encarou.

- Ela vai ficar bem - garanti, apesar de também estar tão preocupada quanto ele. - Você sabe que a Sugar é forte para caralho.

- Eu sei disso - respondeu, começando a bater o pé no chão num ato igualmente ansioso. - Eu estou nervoso por ela, mas sei que ela vai conseguir sair dessa. Mas eu já não sei sobre...

Suas palavras cessaram e ele desviou o olhar, fitando o seu pé.

- Sobre a sua mãe - terminei.

Ele assentiu levemente.

Eu não sabia o que falar. Desde de bem antes de conhecer Sawyer sua mãe já passava por isso. A família inteira dele passava por isso. E eu nunca pude ajudar. Inclusive, ele também não podia ajudar. Eu queria muito obrigar a mãe dele a denunciar o marido. Queria muito colocar aquele bastardo na cadeia.

Mas não era a minha decisão a tomar. Nem a de Sawyer.

E aquela era a pior parte.

- Eu vou falar com ela - decidiu subitamente e eu arregalei os olhos. - Depois que sairmos daqui vou falar com ela de novo e ver se consigo convencê-la de fazer a mesma coisa.

Abri um pequeno sorriso. Uma faísca de esperança surgiu em mim. Talvez a mãe dele o escutasse. Talvez tudo aquilo poderia ter um final. Ou um quase final.

- É uma boa ideia.

Ele concordou com a cabeça, absorto em seus próprios pensamentos. Eu conseguir me sentir feliz por ele, apesar daquela situação toda. Estava pressentindo que aquilo iria terminaria logo.

Depois de duas horas mais ou menos, Sugar saiu da sala com algo quase parecido com um sorriso de vitória.

E eu senti, no fundo do meu coração, que elas iriam sim superar tudo aquilo. Talvez, no final, elas pudessem me dar forças para superar os meus problemas também.

Só FingindoOnde histórias criam vida. Descubra agora