trinta e sete

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CAPÍTULO 37

O ex de Sugar foi preso.

Seu nome era Eric alguma coisa. Eu nunca o conheci e também esperava que ficasse preso por tempo o suficiente para apodrecer na cadeia antes que eu pudesse vê-lo. Porque eu socaria a cara do desgraçado que fez uma das melhores pessoas do mundo sofrerem.

Depois de duas semanas, Sugar me disse que iria abrir uma ordem de restrição contra mim se ficasse colada nela o tempo inteiro. Estava brincando, claro, mas eu achei que era melhor lhe dar o seu espaço pessoal. Ela estava melhorando, aos poucos, claro. Mas estava melhorando.

E nada me fazia mais feliz no mundo do que saber que ela ficaria bem.

Ah, e depois que eu voltei a chorar, subitamente virei uma enorme chorona.

Comecei a chorar por tudo. Tudo mesmo. Filmes da Pixar, livros de ficção científica, séries de comédia e até comerciais de carros. Meu Deus, teve um da Renault que me destruiu. Só parei de chorar três horas depois.

- Hum, eu deveria me preocupar que você está chorando agora? - perguntou Sawyer, virando minimamente o rosto para me encarar enquanto dirigia.

Neguei com a cabeça, dando um sorriso. Estávamos indo para Michigan buscar Caroline e começou a tocar Cannoball do Damien Rice no rádio. Óbvio que eu desabei.

- Não - respondi, limpando as lágrimas. - Nem pergunta.

Ele assentiu, voltando a encarar a rua. Me deixei observar meu namorado falso ou não tão falso. Ele ainda estava tenso, mas um pouco menos. Achava que talvez só de saber que iria encontrar Caroline o fazia bem.

- Você falou com a sua mãe? - perguntei com cuidado.

Seu olhar continuou na estrada.

- Falei.

Ele não continuou. Esperei que voltasse a me contar o que aconteceu.

- E...

- E eu acho que talvez ela faça a coisa certa dessa vez - concluiu e virou para mim com um sorriso pequeno no rosto. - Realmente acho.

Abri um sorriso também, de novo sentindo a vontade excruciante de chorar. Mas me controlei.

- Isso é um avanço.

- É - concordou. - Bem grande.

Voltei a encarar a janela, sorrindo um pouco comigo mesma. Ouvi o barulho de Sawyer trocando de estação no rádio - provavelmente não queria que eu começasse a chorar de novo porque a Mariah Carey havia começado a cantar - e eu sorri ainda mais ao perceber que estava em uma dos anos oitenta.

- Duran Duran - falei rapidamente, me virando para ele, que deu uma risada. Estava tocando Save a Prayer, uma das melhores músicas daquela década.

Sawyer continuou sorrindo enquanto batucava a batida no volante e eu cantarolei a melodia, sentindo meu coração se encher de uma emoção muito estranha. Eu me sentia preenchida. Quente. Em casa.

- Don't say a prayer for me now - ele praticamente gritou no refrão. - Save it 'til the morning after.

Não diga uma prece por mim agora, guarde até a manhã seguinte.

Comecei a cantar com ele sem conseguir tirar o sorriso enorme do meu rosto. Se eu já não amava aquela música, com certeza se tornou uma das minhas favoritas naquele momento. Eu me senti viva. Com todas as merdas acontecendo, me senti viva e feliz ao cantar com Sawyer aquela música.

Só FingindoOnde histórias criam vida. Descubra agora