trinta e oito

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CAPÍTULO 38

Eu estava feliz que eles iam sair da cidade. Estava mesmo. Os dois mereciam ser felizes e com certeza a vida seria melhor longe do pai deles.

Mas... por que eu me sentia tão para baixo?

Estava pensando nisso enquanto ajudava a vovó Sawyer guardar a louça depois do jantar. Eu me ofereci para ajudar e ela pareceu suspirar de alívio por não ter que pedir. Me disse que a Caroline e o Cole são uns folgados. No momento, os dois estavam jogando videogame na sala.

Achei até bom. Queria um tempo sozinha pra pensar no que eu estava sentindo.

- Guarda ali, por favor - disse a vovó Sawyer.

Eu não consegui o tempo sozinha,
obviamente. Estava com ela, que descobri ser uma grande faladeira. Bem diferente do Cole.

Fiz o que ela pediu, guardando o prato num dos armários de cima. Quando me virei, Adelaide estava me analisando. Puta que pariu.

- Lydia, querida, posso te perguntar alguma coisa?

Ah, merda.

- Eu vou conseguir responder? - brinquei, dando uma risada nervosa.

Mas ela não riu. Aparentemente não estava com saco para o meu humor ruim.

- Depende do quanto você vai mentir.

Fiquei calada, porque estava meio chocada. O que aquela mulher queria de mim, meu Jesus?

- Eu sei que você gosta do Cole... - Sim. Infelizmente mais do que eu gostaria. - Mas, sendo sincera, eu não acho que isso seja o suficiente.

- Como assim? - dei outra risada incrédula.

- Olha, Lydia, eu poderia ficar aqui e contar a história de como eu achava que gostava o suficiente do meu marido Frank até ele me abandonar com um bebê de dois meses... mas eu sei que adolescentes odeiam histórias de velhos.

Isso era mentira. Eu adorava ouvir histórias de amor de idosos, contanto que eles não fossem rabugentos ou racistas. Ou os dois.

- Então, vou apenas te falar que gostar dele não é o suficiente. Ele é um Sawyer, querida, e eu sei como podemos ser complicados. Acredite em mim, já vi três gerações de nós.

- Mas eu não me importo que ele seja complicado... - comecei, mas ela logo me interrompeu.

- Gostar não é o suficiente - frisou, me olhando séria. - Então, eu preciso saber: você o ama?

Abri a boca, mas nada saiu. Nada. Literalmente nada.

Meu sistema entrou em colapso ao ouvir a palavra proibida e foi quase como se eu não tivesse mais voz. Eu não sabia o que sentia, mas sabia que aquele sentimento me assustava. Como eu poderia saber se eu... Droga, eu não deveria estar. Certo?

- Acho que esta um pouco cedo para falarmos de amor... - murmurei, porque meu estômago revirava só de pensar que eu poderia estar me entregando tanto assim.

Sua expressão pareceu me analisar ainda mais, assentindo finalmente com a cabeça e suspirando.

- Então você não ama - concluiu por mim. Abri a boca para falar algo, mas ela não queria me escutar. Me senti estupidamente impotente e confusa. Havia um enorme nó na minha garganta tirando a minha respiração. - Querida, não importa se é cedo ou não. Quando você sabe, sabe.

Eu não me importei em responder, porque ela já estava saindo da cozinha, me deixando com um prato de porcelana na mão e o meu coração atordoado na outra.

Só FingindoOnde histórias criam vida. Descubra agora