trinta e cinco

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ATENÇÃO: esse capítulo contém menções à relacionamentos abusivos, podendo desencadear gatilhos.

CAPÍTULO 35

Descobri que a parte do meu dia que eu estava com Sawyer era a parte que eu era mais feliz.

No começo, esse pensamento me assustou. Mas, depois de um tempo, eu comecei a me acostumar com ele. Não passávamos o tempo inteiro grudados, porque, pelo amor de Deus, não éramos esse tipo de casal. Não que fôssemos um casal de verdade... mas eu não queria continuar pretendendo que também não éramos nada. Porque tempo que estávamos juntos era melhor do que um dia eu pude imaginar.

Às vezes apenas ficávamos fazendo nada em conjunto. Eu lia um dos meus romances água com açúcar - ele me zoava por uns minutos - ou estudava enquanto ele ficava desenhando. Tinham vezes que ele até estudava! Eu estava bem feliz.

Ah, também descobri que a coisa mais fofa que Cole fez para mim foi  um retrato dos meus peitos. Romântico, huh?

Não sabia como, mas funcionávamos desse jeito bem estranho.

Eu melhorei com o passar dos dias. Não completamente, porque suspeitava que eu nunca iria curar a ferida que o meu pai causou naquela fatídica noite. Mas estava ocupando a minha cabeça com outras coisas. E não pensar nos dores foi o jeito que eu descobri de não sofrer tanto.

Mas, no momento, Sawyer estava mais quieto do que o comum. Estávamos na minha cama fazendo o que antes fazíamos, mas ele estava estranho. Mais estranho do que o comum, quero dizer.

Deixei meu livro de lado e virei a cabeça para ele.

- Aconteceu alguma coisa? - perguntei na lata, porque era o melhor jeito de lidar com ele.

Ele levantou o olhar do caderno de rabiscos e negou com a cabeça, franzindo o cenho numa expressão de inocência.

- Não? - soou como uma pergunta e ele parecia mais confuso do que eu.

- Você tá quieto demais!

- Eu sou quieto - deu uma risada, mas eu fiquei séria. - Eu estou bem, Carpenter, só estou... pensando.

- Argh, pensando? - estreitei o olhar. - Desde quando você faz isso?

Ele pegou meu travesseiro e jogou na minha cara. Eu ri, mas depois voltei para a pose de garota séria.

- Fala o que está acontecendo ou eu vou continuar te incomodando - afirmei, ainda com o vestígio de sorriso no meu rosto.

Cole olhou para mim por um tempo e eu tentei decifrar seu olhar. Ele parecia estar decidindo se me contava ou não. Depois, suspirou e deixou seu caderno do lado.

- É a Sugar - começou. - Eu acho que tá acontecendo alguma coisa com ela.

Me ajeitei na cama na hora, sentindo meu estômago revirar ao estar no escuro com aquilo.

- Tipo o quê? - perguntei, preocupada.

- Eu não sei... - ele coçou a nuca. - Mas ela tá meio estranha... acho que deve ser algo com o namorado novo dela.

Meu coração começou a disparar um pouco. Ah, não. Aquilo não podia ser coisa boa.

- A gente deveria falar com ela, né? - perguntei. - Tipo, agora.

- Ela está no trabalho - respondeu, parecendo aflito. - Mas a gente fala com ela de noite. Já combinei de nos encontrarmos no bar.

Assenti com a cabeça, me sentindo desconcentrada demais para pensar em qualquer outra coisa. Ficamos em silêncio por um tempo e eu decidi que talvez devêssemos mudar de assunto para não ficarmos nesse clima pesado.

Só FingindoOnde histórias criam vida. Descubra agora