dezenove

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CAPÍTULO 19

Depois de um tempo fingindo namorar com Cole Sawyer eu percebi que meu pai começou a desencanar. Ele não parecia incomodado o tempo inteiro e nem ficava me olhando torto. Apenas minha mãe que estava mais muda do que nunca.

Mas o meu plano ainda não havia terminado. Não sabia até que ponto queria irritar os meus pais e sentia que no meio do caminho havia perdido o fio da meada, mas eu precisava continuar. Precisava mostrar para eles novamente que eu continuava com Cole apesar de seus ressentimentos. Precisava mostrar que eles ainda não controlavam a minha vida.

Queria saber se mesmo assim eles continuariam ameaçando não pagar a minha faculdade.

Ah, é, isso mesmo. Eu tive uma conversa com o meu pai em que ele falou tranquilamente que não pagaria mais minha faculdade. Se eu quisesse sair de casa teria que ser com o meu próprio dinheiro.

Óbvio que ele estava blefando, mas eu queria provocá-lo apenas o suficiente para ele perceber que eu não estava blefando.

Por isso, havia combinado que naquela tarde eles me veriam enquanto eu estava no quarto com Cole. Aquilo iria deixá-los de cabelo em pé e eu sorria só de pensar.

Eventualmente eles perceberiam que estão sendo mesquinhos em fazer tudo aquilo e voltariam ao normal. Pelo menos na minha cabeça funcionaria assim.

- Por que você ainda tem ursos de pelúcia? - perguntou Cole, enquanto xeretava nas minhas coisas.

Ele estava em pé olhando as minhas prateleiras e eu só dei de ombros.

- Me lembram de uma época boa - foi o que respondi.

Cole assentiu, continuando a olhar para as minhas coisas. Não havíamos mais falado sobre o seu pai nem nada, mas ele continuava com o rosto todo ferrado. Às vezes eu desejava que fosse apenas um sonho ruim e ele não tivesse que passar por aquelas coisas.

- Ei, o que é isso? - perguntou e eu levantei meu olhar, pulando da cama ao ver que estava segurando o meu diário.

- Não! Não, não, não! - tentei pegar de suas mãos, mas o desgraçado era mais alto que eu e o segurava fora do meu alcance. - Isso é confidencial!

- Você escreve sobre mim aqui? - perguntou, dando uma risada divertida. - Agora eu estou morrendo de vontade de saber.

Desisti, cruzando os braços e querendo matá-lo.

- Sim, Cole, eu escrevo o quanto é difícil conviver o tempo inteiro com um garoto tão imbecil.

- Isso doeu - ele fez um gesto falso de tristeza. - Aposto que você escreve o quanto é difícil ficar perto de mim porque sou muito irresistível.

- Você é muito narcisista para alguém que não faz questão de pentear o cabelo - estreitei o olhar.

Cole deu uma risada, me entregando o diário e eu quase soltei um suspiro de alívio. Óbvio que eu escrevia coisas sobre ele lá. Era todo o ponto de escrever num diário: admitir coisas para as folhas que você nem admitia para si mesma.

- Qual é a sua, então? - perguntou, se sentando na cama. - Você quer uma escritora?

Soltei uma risada.

- Não, Jesus, não - respondi, me sentando ao seu lado. - Bem longe disso.

- Então, você quer uma professora - concluiu.

- Por que você está falando isso? - fiz uma careta.

Deus me livre ensinar coisas para os outros. Tentei uma vez com Cole e deu estupidamente errado. Percebi que não tinha paciência para aquelas coisas.

Só FingindoOnde histórias criam vida. Descubra agora