Corte Diurna

386 36 24
                                    

A Corte diurna era linda, Lucca pensou, quando o Grão Senhor o atravessou até lá. Ele nunca tinha visto nada parecido na vida, já tinha ouvido relatos, é claro, de como a corte era, mas a sua imaginação não fazia jus ao que ele via pessoalmente.

Palácios enormes com colunas gigantescas em mármore, filigramas e esculturas douradas, fontes de água translúcida com figuras esculpidas a perfeição no meio delas.

A Corte Diurna esbanjava luxo, poder e riquezas e as pessoas que passavam por ele também. Pessoas de pele escura vestindo túnicas coloridas com joias de ouro, algumas pessoas com tons mais claro de pele, bronzeadas de sol, cabelos e peles douradas. Parecia realmente que o sol fizera sua morada alí. E o Grão Senhor era a personificação de tudo isso.

Pele e cabelos escuros, mas com um brilho dourado. A cor de seus olhos era como ouro líquido. Lucca ficou tão espantado que não conseguia se quer encarar o Grão Senhor. O sol encarnado, era como o chamavam, e ele podia entender o porquê. O Grão Senhor era lindo como o sol, mas também como o sol, ele parecia impiedoso e poderoso... Perigoso.

Então ele preferiu olhar os arredores em vez de tentar encarar o "Sol".

E apesar de todo luxo e beleza o que mais o impressionou foi o fato de que a maioria das pessoas que passava por ele carregava um livro consigo. Jovens e velhos, todos eram amantes da leitura e do conhecimento por aqui. Assim como ele também era.

Lucca era filho único de sua mãe. Seu pai, ele mal conheceu. Seus pais tiveram um breve romance e quando sua mãe estava grávida o seu pai foi embora, ele só vira o macho umas duas vezes na vida, nem sabia a que corte ele pertencia de fato. Tudo o que ele sabia sobre o pai era que o macho era mercenário nos reinos feericos, no continente.

Então ele fora criado pela sua mãe, só os dois, vivendo em uma casa pequena na zona rural da Corte Outonal. Era uma vida simples, porém confortável, graças a sua tia, que apesar de ser casada com o Grão Senhor nunca se esqueceu da família.

Sua mãe, uma fêmea muito tradicional, lhe deu uma educação muito rígida. Então os seus dias se resumiam a estudar e aprender boas maneiras, em seu tempo livre ele gostava de musica, aprendeu a tocar o máximo de instrumentos que conseguiu e gostava de cantar, e é claro, ele gostava de ler.

Ler principalmente sobre lugares exóticos que ele gostaria de conhecer. Lucca nunca sentiu que pertencesse a Outonal e queria desbravar o mundo. Ele só não imaginava que sua jornada ia começar desse jeito.

Ao pensar nisso ele ruborisou, as lembranças do que tinha acontecido na última semana o atormentava todas as vezes em que ele pensava nisso. E toda a sua familia ficou sabendo. Ele não teve outra opção além de fugir.

A aparentemente o Grão Senhor prestava atenção nele:

- Está corado desse jeito por que alguma coisa te escandalizou ou é só o sol mesmo, anjo?

A única coisa que ele pôde fazer foi corar mais.

O Grão Senhor riu, debochado.

Helion estava curioso, por que infernos Beron estava tão disposto a matar o rapaz? Ele parecia ser tão jovem, o que de tão grave ele fez, para que aos olhos do Grão Senhor, ele precisasse morrer? Não que Beron precisasse de motivos muito graves, t...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Helion estava curioso, por que infernos Beron estava tão disposto a matar o rapaz? Ele parecia ser tão jovem, o que de tão grave ele fez, para que aos olhos do Grão Senhor, ele precisasse morrer? Não que Beron precisasse de motivos muito graves, todo mundo sabia como ele é retrogrado e controlador, até um sorriso em um momento errado poderia levar alguém a morte na Corte Outonal, mas...

- Já que vai ser meu hóspede, será que você poderia, por gentileza, me esclarecer os motivos de sua partida tão repentina da Outonal?

Eles tinham acabado de chegar a seu Palácio e Helion não pode deixar de notar que o macho reparava em absolutamente tudo, como se nunca estivesse saido de casa antes, mas ele observava não com um olhar de espanto, e sim de sagacidade.

Ao ouvir a voz de Helion ele se virou para olha-lo, mas logo desviou o rosto e disse:

- Eu fui flagrado em uma situação embaraçosa. - se ele pudesse corar mais, explodiria. Não esperava ter que dar explicações.

- Que tipo de situação embaraçosa?

- Eu estava com um amigo, um amigo da estival, conversando, próximo a fronteira. Quando Beron me viu.

- E Beron quer te matar por estar conversando com um amigo? - Helion estava começando a entender e tentava conter o riso, porque aliás, não tinha graça alguma ser ameaçado de morte por Beron.

- Machos não deveriam ter "amigos", não na Corte Outonal. - Lucca sentia que ia morrer de tanta vergonha.

- Bom, você pode ter quantos "amigos" você quizer aqui na minha corte, e eu também não me importo se por acaso eu acabar te vendo "conversando" com seu amigos. - Helion não resistiu a alfinetada debochada, mas estava consternado, o coitado foi pego no flagra com outro macho pela pior pessoa possível. - Os criados vão te levar a seus aposentos, nos vemos no jantar.

E com isso, Helion foi cuidar de seus afazeres, rindo durante todo o caminho.


A Court Of Fire And SunlightOnde histórias criam vida. Descubra agora