Lucca foi levado para o seu quarto por dois cortesãos que não dirigiram a palavra a ele, o que ele achava ótimo, ele tinha medo de abrir a boca e falar mais do que devia de novo.
Quando as portas do seu quarto fecharam ele se permitiu relachar um pouco e observou os arredores.
O seu quarto era lindo, paredes brancas com detalhes dourados, chão de mármore, uma cama imensa e dourada, com lençois brancos e marfim e uma lareira linda e branca, com detalhes arquitetônicos parecidos com os que ele tinha visto na cidade, e que ele imaginou que raramente deve ter sido usada, dado ao calor que fazia na corte.
O quarto também tinha uma varanda enorme com vista para a baía mais abaixo, a água do mar de um azul cristalino, com pequenos barquinhos atracados.
Lucca se sentou por horas na pequena mesa da varanda, pensando sobre o que tinha feito.
A mais ou menos um ano e meio ele tinha descoberto sua sexualidade, e passou a ter encontros com moças e rapazes de sua idade. Para ele era muito natural, ele nunca pensou que estava fazendo algo "errado", apesar de saber que as pessoas da corte tinham um comportamento muito tradicional e que se fosse pego com alguém do mesmo sexo que ele haveria algum tipo de retaliação.
Então Lucca tinha esses encontros com o máximo de cautela possível. E não foram poucos encontros, por ele ser fisicamente diferente das pessoas do resto da corte, ele descobriu que chamava muita atenção, e não faltavam pretendentes a ele, o que era ótimo, ele adorava se divertir, mas nunca chegou a se apaixonar por nenhum deles, inclusive por Lyan, que ele conheçeu na fronteira.
Ele e Lyan estavam se vendo a dois meses e tinham se tornado grandes amigos, conversavam por horas, pescavam, e claro, namoravam.
Quando Beron pegou os dois no flagra, se beijando, ele sem camisa, Lyan com as calças abertas, ele não teve nem tempo de se despedir.
Correu para a floresta, enquanto Lyan atravessava a fronteira. Agora ele se preocupava com o amigo: "Será que ele conseguiu escapar?" ele não sabia, ficou dias escondido em uma cabana de caça, até conseguir contatar a tia, que já sabia de tudo. Todo mundo sabia.
A sua tia lhe disse que entrou em contato com seu pai, que o receberia em algumas semanas e que ele ficaria escondido na Corte Diurna, não conseguiu nem se despedir da mãe.
O que não era tão ruim, a mãe com certeza também não aprovaria o seu comportamento.
Lucca percebeu que o sol estava começando a se pôr: "A quanto tempo ele estava sentado alí?" E outro tipo de anciedade tomou conta do corpo dele. O Grão Senhor disse que jantariam juntos, ele não se julgava pronto para mais isso.
Helion voltou para casa depois que o sol se pôs. Ele tentou ter um dia de trabalho normal, mas não conseguiu. Não conseguia parar de pensar na manhã daquele dia.Ele teve medo de vê-la de novo, de sentir o que já havia sentido no passado, mas em vez de Sarah tomar seus pensamentos, eles estavam sendo dirigidos a...Lucca.
O rapaz era certamente intrigante, não só por ser muito bonito, mas por ter um olhar perspicaz e um ar de inocência. Ele era de fato muito diferente das pessoas da Corte Outonal que ele já conheçeu, e isso o estava enlouquecendo.
Helion adorava uma novidade e Lucca com certeza era uma novidade bem grande. Ele queria saber mais, e no quesito conhecimento, ele era o melhor. Se houvesse algo a se saber, ele descobriria.
Então Helion se dirigiu a sala de jantar, pronto para tirar mais informações do rapaz.
Lucca já estava sentado a mesa, esperando por ele:
- Espero que tenha tido um bom dia
- Sim senhor, eu tive
- Não parece, você não parece muito feliz, me diga, o que você fez hoje?
- Fiquei em meu quarto.
- Só isso? Não foi conhecer a corte? Não "conversou" com ninguém? - Ele não resistia.
- Não Senhor, eu não sabia se podia...
- Ora, é claro que você pode, você não é meu prisioneiro. O que você gosta de fazer em seu tempo livre, além de fazer "amigos"?
- Eu gosto de música e de livros.
- E o que exatamente você gosta de ler?
- Eu gosto de ler sobre lugares exóticos e de poesia. - Lucca se arrependeu de dizer poesia assim que disse. Machos geralmente não lêem poesia. Ele se preparou para o deboche do Grão Senhor, mas estava enganado.
- Poesia? Bom, isso é surpreendente para mim, não é todo dia que alguém diz gostar de poesia. - Disse Helion impresionado. - Eu também adoro poesia, acho um tipo de literatura subestimada. Que tal amanhã eu levá-lo a uma de minhas bibliotecas? Você pode ler quantos livros de poesia que quizer.
- Eu adoraria, obrigado Senhor.
- Me chame de Helion, não quero ser chamado de Senhor por um amante de poesias.
- Sim Senh... Quer dizer, Helion. - Ele adorou dizer aquele nome.
Helion sorriu, o som do seu nome na boca dele, aquela boca linda, era o Paraíso.
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A Court Of Fire And Sunlight
FanfictionHelion, Grão Senhor da Corte Diurna era conhecido por seus feitos e sua reputação. Quebrador de feitiços, libertino, macho mais inteligente de toda Prythian, possuidor de mil bibliotecas. Helion merecia esses nomes, batalhou por todos eles, mas o q...