O Princípio do Fim

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Nos dias que se seguiram Lucca experimentou uma felicidade nunca antes imaginada. Helion e ele criaram uma rotina que incluía passeios pela corte, debates filosóficos, com a presença de Athos, vôos em Meallan, prática de arquearia, do qual Helion amava e insistia que ele precisava aprender, além do costumeiro encontro as tardes no jardim e do jantar juntos todas as noites. Helion também costumava ler para ele depois do jantar, na cama, e é claro eles dormiam juntos.

Lucca estava tão feliz que se recusava em pensar que isso um dia chegaria ao fim, que chegaria o dia que ele não ouviria a voz cadenciada e suave de Helion lendo para ele enquanto ele pegava no sono, que não acordaria deitado em seu peito, que não fariam mais amor preguiçosamente de manhã. E esse dia estava se aproximando.

A alguns dias atrás Lucca havia recebido uma correspondência, sem o nome do remetente, dentro do envelope não havia carta alguma, nem um bilhete, só uma passagem, de navio, com destino a Vallahan. A data do embraque? A semana seguinte. Não havia nem sequer instruções do que ele deveria fazer quando chegasse ao destino.

Naquela tarde Lucca deitou na grama e chorou. Helion o abraçou e acariciou o seus cabelos, ele também parecia triste, pediu que Lucca cantasse para ele.

- Você sabia que esse dia chegaria anjo.

- Não há nada que se possa fazer? Eu quero ficar.

- Não, não há. É perigoso para você, por causa de Beron. Um dia ele vai esquecer e você pode voltar, mas por enquanto, o melhor é ir. E seu pai, bem, agora ele é seu responsável. Não posso impedi-lo de levá-lo.

- Eu amo você - Disse Lucca chorando.

- Ah anjo, você é jovem, vai ter muitas oportunidades de se apaixonar. Um dia eu vou ser só uma página na história da sua vida. Mas quero ser uma boa lembrança, então trate de se animar, não fique triste, não é assim que quero que se lembre do seu tempo aqui.

Lucca não sabia o que responder, Helion aparentemente minimisava seus sentimentos por ele, achava que o que ele sentia não era real, mas para que insistir em fazê-lo acreditar que era? Helion certamente, apesar de ser muito carinhoso e gentil, não sentia o mesmo. Como ele poderia? Ele era só um menino.

Estava na hora de encarar os fatos, ele iria embora e isso era inevitável, tudo o que ele poderia fazer era aproveitar os últimos dias que eles tinham juntos. Lucca esperava que Helion tivesse razão, que um dia ele olharia para trás e sorriria com a lembraça do Grão Senhor bonito que o levou para voar em um Pegasus, que o ouvia com respeito e ensinou ao menino que ele era a ser um macho.

 Lucca esperava que Helion tivesse razão, que um dia ele olharia para trás e sorriria com a lembraça do Grão Senhor bonito que o levou para voar em um Pegasus, que o ouvia com respeito e ensinou ao menino que ele era a ser um macho

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Helion estava arrasado, então o princípio do fim tinha começado. Mesmo sabendo que esse dia chegaria Helion acabou se deixando levar. Idiota estúpido. Vendo Lucca chorando abraçado a ele, Helion não pode deixar de se sentir culpado, ele levou aquilo longe demais, e foi impossível não se apaixonar pelo rapaz.

Se deixaram iludir, os dois. E em mais de um momento Helion cogitou a possibilidade de fazê-lo ficar. Mas isso seria a receita para o desastre, o pai do garoto quando percebesse que tinha perdido o filho poderia reclamar com Beron. Sarah seria envolvida, ele também. Se Beron descobrisse que Lucca estava na Diurna, o seu povo pagaria com a vida, Beron esperava a oportinidade a séculos para atacar Helion.

Então Lucca precisava ir. Helion não se sentia no direito de interromper a juventude de Lucca, ele precisava ter experiências, se apaixonar, ter o coração partido, estudar, viajar e fazer todas as coisas estupidas que os jovens fazem. Helion não podia impedi-lo de ter uma vida... Normal.

Tudo o que Helion podia fazer agora era oferecer um fim de estadia feliz a ele. Fazê-lo se sentir bem vindo se um dia quisesse voltar. Beijou suas lágrimas, seu lábios, tirou sua roupa com carinho e fez amor com ele alí no jardim.

Meia hora depois, abraçados e suados Lucca disse em seu ouvido, com voz macia:

- " Talvez,
nós tenhamos encontrado o 'para sempre'
no momento errado,
e um dia,
quem sabe, o destino nos colocará juntos outra vez."

- Vou sentir falta da sua poesia anjo.-disse Helion sorrindo, com o rosto enfiado entre os cabelos de Lucca para que ele não visse as lágrimas no seus olhos.

Lucca riu, acariciou seus cabelos, beijou suas pálpebras.

- Aliás, como você consegue ser tão furtivo? Eu sempre encontro seus bilhetes nos lugares mais improváveis. - Helion adorava essas pequenas surpresas, Lucca o surpreendia quase todos os dias com pequenas poesias. Ele sentiria falta disso também, havia guardado todos os bilhetes.

- Eu não sei, sempre tive a habilidade de passar despercebido, minha mãe diz que herdei isso do meu pai, você sabe, ele é mercenário, quando se é um potencial assassino isso deve ser uma habilidade valiosa.

Helion não soube o que responder, então começou a beija-lo de novo. Lucca estava sempre pronto para ele, e se antes eles foram carinhosos um com o outro dessa vez Lucca queria forte. Helion deixou que Lucca ficasse por cima e ditasse o ritmo.

Lucca o cavalgava enquanto se apoiava em seu peitoral, seus longos cabelos caindo sobre Helion, ele amava aquele cabelo. Lucca olhou durante todo o tempo em seus olhos, seu lábios cheios entreabertos, gemiam e arfavam e Helion rezou para nenhum jardineiro decidir aparecer naquele momento. Helion não tinha pudor algum, mas não queria que ninguém visse Lucca, só ele poderia olhar Lucca em toda a sua glória, suado, com fogo brilhando em seu olhos e fazendo aquilo que ele nunca tinha visto ninguém fazer antes, soltando vapor dos lábios. Helion achava muito exitante, e quando Lucca atingiu o clímax cravando as unhas em sua pele e gemendo alto, Helion não pode deixar de atingir o seu também, e por um momento ele estava feliz de novo.
Helion não conseguiu não brilhar, ele sempre brilharia por Lucca.

A Court Of Fire And SunlightOnde histórias criam vida. Descubra agora