Presente

152 17 12
                                    

Em algum momento eles tinham que sair da cama, e quando a fome apertou, já depois do horário de almoço, Lucca se viu obrigado a se separar de Helion e levantar. Seu estomago roncava e Helion ria da sua cara.

- Vamos anjo, vou alimentar você.

Desceram as escadas de mãos dadas, rindo e brincando um com o outro. Era ótimo ter aquela intimidade de novo. Athos, no patamar da escada, observava os dois com as sobrancelhas erguidas. Hora de lidar com as consequências, deduziu Lucca . E em pensar que a horas atrás ele planejava se unir a Athos para tirar sarro de Helion, agora, aparentemente, ele seria o alvo das piadas também.

- Hora, hora, se não é o meu casal de parceiros favorito.

- Menos, Athos!

- Ah! De jeito nenhum meu Senhor! Não sei se começo por ontem a noite e sua cena no jardim ou por hoje de manhã.

- O que aconteceu hoje de manhã Athos? - Helion perguntou, com a voz entediada, não estava realmente curioso, só queria desviar do assunto da noite passada, imaginou Lucca.

- Aconteceu que vocês dois iluminaram a casa inteira! Sugiro que pratiquem a noite, assim podemos economizar as luzes feericas.

- Você não tem nada melhor pra fazer não Athos? Sua esposa deve está sentindo a sua falta, aparentemente você não deve está comparecendo na sua própria cama já que anda tomando conta da minha vida.

- Para um velho bêbado você anda muito disposto meu Senhor. - E depois de dizer isso em um tom muito sério, Athos correu, e Helion rindo e xingando correu atrás dele.

Lucca ficou pra trás, com a barriga doendo de fome e de tanto rir. Se dirigiu a cozinha e enquanto fazia um sanduíche monstruoso para aplacar a sua fome os primos decidiram aparecer, Helion descabelado e Athos com a túnica rasgada na coxa, ambos com os braços em torno do ombro um do outro, riam.

- Fico feliz que tenham enfim se entendido. - Disse Athos a Lucca. - Apesar de eu gostar de me unir a você contra Helion.

- Assim como eu! Aliás ainda não falamos sobre ontem a noite! - Lucca respondeu.

- Eu estou ferrado com vocês dois! Devo ter cuspido no Caldeirão! - Helion fingia indignação.

- Ah, nós vamos falar sobre isso, mais tarde. Agora preciso me trocar, tenho compromisso. Aliás, obrigado por rasgar minha roupa Helion!

- Você mereceu!

Quando Athos os deixou Lucca se sentou para comer enquanto Helion o olhava com uma cara engraçada.

- Isso é muita comida só para você.

- Mas vou comer sozinho.

- Não vai me dar nem um pouco? Achei que parceiros ofereciam comida... - Disse Helion com inocência fingida.

- Se você acha que eu vou ser primeiro a fazer isso está muito enganado Helion! - Então, muito empolgado, Lucca tinha uma nova meta, conseguiu por Helion de joelhos, agora o faria ser o primeiro a oferecer comida. Faria Helion implorar para que ele aceitasse o laço.

 Faria Helion implorar para que ele aceitasse o laço

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A tarde Helion levou Lucca aos estábulos. Lucca reclavama que ainda não tinha podido comprimentar seu velho amigo Meallan desde que voltara. Com um céu azul perfeito e sem nuvens e sol a pino iluminando de dourado toda a Corte eles caminhavam lado a lado. Helion se sentia leve.

Ele já quis muitas coisas na vida, algumas ele conquistou, como ser um bom Grão Senhor para seu povo, pelo menos ele achava que era, e outras não, como ter um herdeiro, um filho para amar. Mas nunca, nem em seus sonhos mais fantasiosos ele imaginou que pudesse ter um parceiro. Nunca almejou isso verdadeiramente, nunca se sentiu digno de tal bênção. E a Mãe o havia abençoado com o melhor dos parceiros. Um macho digno, honrado, forte e bonito, com um coração bondoso e altruísta.

Ele era mesmo digno de tal presente? Se perguntava. E lá no fundo uma coisinha o incomodava. Um pequeno detalhe que ele omitiu durante todo esse tempo em que conhecia Lucca. Um fato sobre a sua vida que ele sempre teve um pouco de receio que Lucca soubesse. Em algum momento teriam que conversar sobre isso. Mas naquele dia não. Aquele dia ele queria se permitir ser feliz ao lado do parceiro.

Um pensamento lhe veio a mente e ele riu, bufando um pouco. Tinha certeza que Lucca nunca o pediria para aceitar o laço, isso teria que partir do próprio Helion. E ele gostava disso, do jeito que Lucca o forçava para fora da sua zona de conforto o fazendo admitir coisas que ele jamais admitiria. Aquela conversa sobre comida pela manhã era a prova disso. Lucca o olhava curioso enquanto ele ria consigo mesmo.

- O que é tão engraçado? - Lucca perguntou.

- Não é nada, anjo!

Chegando a área dos Pégasus o sorriso de Lucca brilhava mais que o sol acima. Helion poderia olhá-lo sorrindo para sempre. Era incrível como um simples gesto de Lucca o fazia imensamente feliz. Um pouco assustador inclusive.

- Nunca vou me cansar de olhar para eles! - Lucca admitiu, apontando para os Pégasus.

- Você pode olhar para eles para sempre meu amor, só admirir que é meu e que me quer. É só pedir. - Helion pôs sua teoria em prática.

- Vai sonhando Quebrador de Feitiços! - Disse enquanto ria. 

Certo, Helion pensou, em algum momento teria que se ajoelhar novamente e pedi-lo em casamento, como a uma dama! Rindo Helion se adiantou e assoviou agudamente, chamando Meallan, que voava alto. O animal deu um giro perfeito no ar e pousou graciosamente. Mas em vez de cumprimentá-lo, ele se dirigiu até Lucca, deu um aceno de cabeça e então se ajoelhou em rendição. Como se Lucca fosse o seu Senhor e não Helion. Lucca olhou para trás, para Helion e sorriu de novo.

- É assim que se faz meu Grão Senhor! É assim que eu gosto dos meus meninos!



A Court Of Fire And SunlightOnde histórias criam vida. Descubra agora