Na manhã seguinte Helion foi até o quarto de Lucca para buscá-lo. Depois do jantar da última noite, ele se retirou com a promessa de levá-lo a sua biblioteca particular ainda cedo.
Durante todo o caminho entre e o seu quarto e o dele, Helion sentia uma felicidade diferente, um tipo de sentimento leve, que ele não se lembrava de já ter sentido.
A poucos metros da porta do quarto de Lucca ele começou a ouvir um som, uma melodia, quanto mais se aproximava, mais alto o canto ficava.
Ele reconheceu a música. Uma música tradicional, geralmente cantada em solstícios. Já tinha ouvido essa canção varias vezes, por séculos, mas, ela parecia diferente, mais suave e mais bonita.
Quando Helion chegou, a porta do quarto estava aberta, e ele pôde ver Lucca na varanda. Ele se espantou ao perceber que aquela melodia linda saia dos lábios de Lucca. Uma voz linda e pura, como o canto dos anjos.
Helion ficou parado alí, na porta, hipnotizado pela música, pelo macho. Lucca cantava de olhos fechados, cabeça inclinada para o lado, totalmente alheio a presença dele, imerso na música. Helion pensou que nunca havia visto nada tão lindo antes.
E de repente a música parou, Helion estava tão distraído que não havia percebido. Lucca olhava pra ele, um pouco encabulado, mas com intensidade, ele conhecia esse tipo de olhar, um olhar de desejo. Helion se perguntou se também não estava com o mesmo olhar estampado em seu rosto.
Quebrando o silêncio desconfortável Helion pigarreou e disse:
- Você tem uma linda voz, anjo.
- Obrigado, eu acho...
- Você acha? - Helion sorriu - estou sendo sincero.
- É que... Eu nunca sei quando você está sendo sincero ou arrogante.
- Arrogante? Como ousa falar assim com um Grão Senhor? - Helion disse em tom de brincadeira, e para a sua surpresa Lucca riu de volta.
- Vamos, te prometi um tour, e eu gosto de cumprir minhas promessas.
Enquanto caminhavam lado a lado em direção a biblioteca, Lucca pensou que estava realmente irritado com os sorrisinhos do Grão Senhor, durante todo o percurso Helion o encheu de perguntas, sobre música e canto, queria saber como ele tinha aprendido, quais instrumentos tocava, e a todo momento dava um daqueles sorrisos, as vezes irônico, outras debochado, era realmente irritante! Ele se atrapalhava todo ao responder alguma pergunta, com medo de receber um daqueles sorrisos, o que óbvio Helion percebia, e ria mais.
Lucca estava realmente confuso, Helion gostava dele, não gostava dele, o achava patético? Ele não sabia, mas se viu empenhado a agradá-lo, queria ser tratado com respeito, e queria tirar o sorriso debochado da boca dele!
Ele nunca teve que lidar com um macho adulto assim antes, conversar de igual para igual, e o fato de o Grão Senhor ser lindíssimo e aparentemente muito auto confiante o deixava exasperado.
Uma mistura de sentimentos se aponderou dele desde que ele chegou naquela corte, vergonha, curiosidade, medo, felicidade, desejo... Desejo pelo Grão Senhor... Que a Mãe o ajudasse!
Ele nunca havia se interessado por uma macho mais velho, ele só tinha 17 anos, mas aquele macho, ele era diferente, intenso demais, inteligente demais.
Lucca se viu fantasiando, beijando as mãos dele... As suas mãos eram delicadas como a de um escritor, com dedos elegantes e ao mesmo tempo era caleijada como a de um guerreiro, ele queria aquelas mãos por todo o seu corpo.
- Onde sua imaginação o está levando? - Pego no flagra, ele devia ter sentido o seu cheiro.
- Só estou pensando que sua corte é muito bonita.
- Uhum - e aquele maldito sorriso. - Bom chegamos, espero que goste.
Gostar não era a palavra, ele adorou, amou! A biblioteca era branca, com estantes de livros do chão ao teto, e vários andares circulavam o andar principal, detalhes em ouro por todos os lugares e um lindo mosaico pintado no teto, mostrando um céu azul límpido, o sol radiante e o que parecia ser, contava a história da Corte Diurna.
- É lindíssima!
- Obrigado, foi construída pelo meu pai a mil anos, como um presente de parceria para a minha mãe, é a minha preferida de toda a corte.
- Ele devia ama-la muito.
- Sim amava, já eu, nunca tive a mesma sorte.
- Nenhuma vez? - Pergunta arriscada, ele não devia ter feito, mas Helion respondeu:
- Uma vez eu achei que sim, mas não era um amor para a vida toda, não como meus pais. Ainda assim, foi a única vez em que fiz planos.
Lucca não sabia o que responder, ele não sabia nada sobre esse assunto, então idiotamente ele disse:
- Ainda dá tempo, de conhecer alguém.
- Pela Mãe, espero que não! Gosto de ter o controle da minha vida, gosto de me divertir, exclusividade não é para mim.
Então os boatos eram verdadeiros, Lucca pensou: o Grão Senhor era um libertino!
- Pois bem, vou levá-lo a seção de poesias, já que é um anjinho romântico, bem diferente de mim!
"Mas ele também não tinha dito que gostava de poesias?" Pensou Lucca, mas deixou passar e não disse nada.
Depois que o situou na biblioteca, Helion foi embora e Lucca se perdeu naquele mar de livros, eram tantas opções que ele nem sabia o que preferiria ler primeiro, perdeu a noção da hora e quando deu por sí já era noite e ele nem tinha comido nada. Foi embora prometendo a bibliotecária que voltaria no dia seguinte.
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A Court Of Fire And Sunlight
FanfictionHelion, Grão Senhor da Corte Diurna era conhecido por seus feitos e sua reputação. Quebrador de feitiços, libertino, macho mais inteligente de toda Prythian, possuidor de mil bibliotecas. Helion merecia esses nomes, batalhou por todos eles, mas o q...